O arquiteto e Professor Catedrático Emérito da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), Álvaro Siza, e o engenheiro Luís Valente de Oliveira, antigo Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia (FEUP), foram distinguidos, no passado dia 5 de julho, com a Medalha de Mérito Científico 2023, atribuída pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).

As Medalhas de Mérito Científico reconhecem, anualmente, “individualidades, nacionais ou estrangeiras, que se tenham distinguido por um valioso e excecional contributo para o desenvolvimento da ciência ou da cultura científica em Portugal”.

A entrega da Medalha de Mérito Científico 2023 teve lugar durante a sessão de abertura do Encontro Ciência 2023, este ano realizado na Universidade de Aveiro, que contou com a presença do Primeiro Ministro, António Costa, e da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.

Da lista de medalhados deste ano destacam-se ainda dois antigos estudantes da U.Porto: Manuel Mota e Teresa Vieira, licenciados em Engenharia Química e em Engenharia Metalúrgica, respetivamente, pela FEUP.

As restantes Medalhas de Mérito Científico foram entregues às/aos investigadoras/es Anália Torres, Deolinda Adão, João Pavão Martins, Manuela Veloso e Salomé Pais.

Entregues pela primeira vez  em 2016, as Medalhas de Mérito Científico do MCTES já distinguiram várias figuras ligadas à U.Porto. Entre os homenageados em edições anteriores incluem-se os docentes e investigadores Alírio Rodrigues, Nuno Portas , Pedro Guedes de Oliveira e Teresa Lago (2016), José Marques dos Santos e Francisco Carvalho Guerra (2017), João Coimbra (2018), Deolinda Lima e Maria João Saraiva (2019), Luís Portela, Mário Barbosa e Serafim Guimarães (2021), e Ana Luísa Amaral, Luiza Cortesão e Walter Osswald (2022).

Sobre os medalhados

Nome incontornável da arquitetura portuguesa e mundial, Álvaro Siza nasceu há 90 anos, a 25 de junho de 1933, em Matosinhos. Formado em Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) – antecessora das faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da U.Porto –, foi “discípulo” de Fernando Távora, de quem foi colaborador entre 1955 e 1958. Ensinou na ESBAP entre 1966 e 1969. Lecionaria posteriormente na FAUP, onde deu a última aula em outubro de 2003, ostentando desde então o título de Professor Catedrático Emérito.

Com uma obra amplamente reconhecida a nível nacional e internacional, aquele que é o mais premiado arquiteto português assinou projetos emblemáticos como os da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, da Biblioteca da Universidade de Aveiro, do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, da Igreja de Marco de Canaveses, do Pavilhão de Portugal na Expo 98, ou do próprio edifício da FAUP, inaugurado em 1992. Nesse mesmo ano tornou-se o primeiro português a conquistar o Prémio Pritzker (o também professor da FAUP Eduardo Souto Moura suceder-lhe-ia em 2011), galardão equiparado ao “Nobel da Arquitetura”.

Para além da docência na FAUP, foi Professor Visitante na Escola Politécnica de Lausanne, na Universidade de Pensilvânia, na Escola de Los Andes em Bogotá, na Graduate School of Design of Harvard University como “Kenzo Tange Visiting Professor”. É membro da American Academy of Arts and Sciences; é “Honorary Fellow” da RIBA/Royal Institute of British Architects; “Honorary Fellow” e “Honorary FAIA” da AIA/American Institute of Architects; membro da Académie d’Architecture de France; da Royal Swedish Academy of Fine Arts; da IAA/International Academy of Architecture; membro da American Academy of Arts and Letter.

Dos inúmeros prémios que lhe foram atribuídos destacam-se, para além do Prémio Pritzker (1992), o Prémio Mies van der Rohe (1988), o Prémio Nacional de Arquitetura (1993), a Medalha Alvar Aalto (1998) e a Medalha de Ouro (2009), do Royal Institute of British Architects, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (2002), pelo melhor projeto, e o Leão de Ouro de Carreira (2012).

Mais recentemente, foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (2017), a Medalha de Mérito da Universidade do Porto (2018), o Grande Prémio da Academia de Belas-Artes francesa (2019) ou o o Prémio Nacional de Arquitetura de Espanha (2019).

Luís Valente de Oliveira, por sua vez, nasceu a 29 de agosto de 1937, em São João da Madeira, e licenciou-se em Engenharia Civil na FEUP, instituição onde se doutorou e construiu uma carreira como docente (Catedrático desde 1980) especializado em Planeamento dos Transportes, do Território e do Desenvolvimento Regional.

Entre os diversos cargos políticos que desempenhou incluem-se os de Ministro da Educação e Investigação Científica (1978-1979), Ministro do Planeamento e Administração do Território (1985-1995) e Ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação (2002-2003). Entre 1979 e 1985, assumiu ainda a Presidência da Comissão de Coordenação da Região do Norte (CCDRN).

Das múltiplas distinções de que foi alvo ao longo da carreira destacam-se as condecorações com a Grã-Cruz da Ordem do Infante (Portugal, 1980), a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (Portugal, 2004), a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil, 1987) e a Grã-Cruz da Ordem da Honra (Grécia, 2002). É também comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (Portugal, 2002), Chevalier de la Légion d’Honneur (França, 2008) e doutor honoris causa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (2013).

Em março de 2012, recebeu a primeira edição da Medalha de Mérito da Universidade do Porto, na sequência do trabalho realizado enquanto presidente da  Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário da U.Porto.