O arquiteto Álvaro Siza, antigo estudante da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), vai ser galardoado com o Prémio Nacional de Arquitetura 2019 de Espanha, destinado a personalidades ou instituições que, pelo conjunto da sua obra, tenham contribuído de forma extraordinária para o enriquecimento de aspetos sociais, tecnológicos e sustentáveis da arquitetura e urbanismo espanhol, dentro e fora do país.

No valor de 60 mil euros, o Prémio Nacional de Arquitetura é atribuído anualmente pelo Governo de Espanha, desde 1932. Álvaro Siza é o primeiro arquiteto não espanhol a conquistar o galardão, juntando-se a uma lista de vencedores que inclui nomes como Rafael Moneo (o primeiro espanhol a conquistar o prestigiado Prémio Pritzker de Arquitetura, em 1996) ou Santiago Calatrava (autor dos projetos da Estação do Oriente, em Lisboa, ou do Palácio das Artes Rainha Sofia, em Madrid).

A decisão de atribuir o prémio ao arquiteto portuense foi tomada durante o II Congresso Internacional “Arte, Cidade e Paisagem”, que decorreu na cidade espanhola de Cuenca. O anúncio da distinção foi feito pelo ministro espanhol do Fomento em funções, José Luís Ábalos, numa mensagem que publicou no dia 7 de novembro na rede social Twitter.

Na mesma mensagem, Ábalos refere-se a Álvaro Siza como “um arquiteto português reconhecido mundialmente, que tanto tem contribuído para a arquitetura e as cidades espanholas”.

Numa mensagem divulgada no site oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também felicitou Álvaro Siza por este prémio, considerando que o seu trabalho lhe vale um “reconhecimento internacional notável”.

Uma carreira ímpar

Nome incontornável da arquitetura portuguesa e mundial, Álvaro Siza (Matosinhos, 1933) estudou Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) – antecessora das faculdades de Arquitectura e de Belas Artes da U.Porto – entre 1949 e 1955. “Discípulo” de Fernando Távora, de quem foi colaborador entre 1955 e 1958, ensinou na ESBAP entre 1966 e 1969. Lecionaria posteriormente na FAUP, onde deu a última aula em outubro de 2003.

Com uma obra amplamente reconhecida a nível nacional e internacional, aquele que é o mais premiado arquiteto português de sempre assinou projetos emblemáticos como os da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, da Biblioteca da Universidade de Aveiro, do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, da Igreja de Marco de Canaveses, do Pavilhão de Portugal na Expo 98, ou do próprio edifício da FAUP, inaugurado em 1992. Em Espanha assinou, entre outros, os projetos para o Centro Meteorológico da Villa Olímpica de Barcelona, as casas de habitação social de Cádis, a Faculdade de Ciências da Informação de Santiago de Compostela, a Reitoria da Universidade de Alicante ou o edifício Zaida de Granada.

Em 1992, tornou-se o primeiro português a conquistar o Prémio Pritzker, galardão equiparado ao “Nobel da Arquitetura”. Entre as várias distinções que recebeu incluem-se, igualmente, o Prémio Mies van der Rohe (1988), o Prémio Nacional de Arquitetura (1993), a Medalha Alvar Aalto (1998) e a Medalha de Ouro (2009), do Royal Institute of British Architects, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (2002), pelo melhor projeto, e o Leão de Ouro de Carreira (2012). Mais recentemente, foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (2017), a Medalha de Mérito da Universidade do Porto (2018) e o Grande Prémio da Academia de Belas-Artes francesa (2019).

Recorde-se que o Museu de Serralves acolhe, desde o passado mês de setembro, uma exposição dedicada à vida e à obra de Siza. Composta por mais de 400 desenhos e 30 projetos assinados pelo arquiteto desde os tempos de estudante até à atualidade, a exposição “in/disciplina” estará patente ao público até 2 de fevereiro de 2020.