Referência mundial na área da Genética Forense e Populacional, António Amorim, Professor Emérito da Universidade do Porto desde 2023 e investigador no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), faleceu esta quinta-feira, aos 72 anos, vítima de doença súbita. Deixa um legado de publicações científicas amplamente citadas em todo o mundo.
Natural do Porto, onde nasceu em 1952, António Amorim licenciou-se (1974) e doutorou-se (1983) em Biologia pela Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), instituição onde lecionou, durante mais de 40 anos, várias unidades curriculares ligadas à genética. Jubilou-se em junho de 2022 quando deu a sua última aula com o tema “GENÉTICA | conflitos e (r)evoluções”. A 22 de março (Dia da Universidade) de 2023, juntou-se ao restrito grupo dos Professores Eméritos da U.Porto.
A Genética marcou todo o seu percurso académico e de investigação, tendo ocupado o cargo de diretor do Mestrado em Genética Forense da FCUP durante quase uma década. Dirigiu também o Doutoramento em Biologia da FCUP e o pioneiro Programa Doutoral em Biologia Básica e Aplicada (GABBA) da U.Porto.
Um percurso de investigação de excelência
Enquanto investigador, iniciou o seu percurso no Ipatimup, onde integrou a Direção de 1998 a 2010, e liderava atualmente o grupo de investigação «Genética Populacional e Evolução» no i3S. A sua investigação centrava-se na modelação matemática em genética populacional pura e aplicada (forense e diagnósticos) e evolução.
Entre os resultados publicados mais relevantes destacam-se os que visam a compreensão da origem, evolução e consequências da diversidade genética, humana e não-humana, usando uma variedade de sistemas, modelos e abordagens unificados sob a perspectiva teórica da genética de populações. Autor dos livros «A espécie das Origens – Genomas, linhagens e recombinações» e «An Introduction to Forensic Genetics for Non-geneticists» e editor do livro «Handbook of Forensic Genetics – Biodiversity and Heredity in Civil and Criminal Investigation», António Amorim era membro do corpo editorial de várias revistas e foi presidente/membro da direção de várias sociedades científicas, tendo sido distinguido com vários prémios nacionais e internacionais ao longo da sua carreira.
Autor de 500 trabalhos científicos publicados, com mais de 11,500 citações e h-index de 52, António Amorim aparecia, em 2021 no topo dos cientistas mais citados no mundo na área das ciências forenses, de acordo com um estudo publicado no prestigiado “International Journal of Legal Medicine”. Em fevereiro de 2023, integrava o «top 10» dos autores mais publicados na área da genética forense nos últimos 40 anos, segundo um estudo divulgado na prestigiada revista Forensic Science International: Genetics,
Claudio Sunkel, diretor do i3S, manifestou o seu pesar pelo falecimento de António Amorim que considerava “um grande cientista, com um trabalho na área da genética forense de qualidade internacional, um líder na sua área de investigação e um colaborador leal e comprometido com a instituição”.
Além disso, acrescenta, “preocupou-se sempre com a necessidade de transmitir o seu espririto crítico e científico aos mais novos. A ciência perde um grande investigador, o i3S um colaborador incansável e eu um amigo. Será sempre recordado com enorme carinho”.
“Legado duradouro, reconhecido internacionalmente”
Também o Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, manifestou o seu pesar pelo desaparecimento precoce do docente e investigador, notando que “António Amorim não apenas marcou a comunidade académica da Universidade do Porto, mas deixou também um legado duradouro, reconhecido internacionalmente, no campo da genética e da genética forense”.
Enaltecendo os “mais de 40 anos de serviço dedicados à docência na Faculdade de Ciências e à investigação no Ipatimup e i3S”, o Reitor nota que António Amorim deixa “uma marca indelével no ensino e na investigação científica da Universidade do Porto, justamente distinguida com a atribuição do título de Professor Emérito”.
“A sua extensa obra científica contribuiu significativamente para o avanço do conhecimento científico no campo da genética, afirmando-se como um dos cientistas mais citados no mundo na área das ciências forenses, testemunho do impacto verdadeiramente global do seu trabalho”, destacou ainda António de Sousa Pereira.
O corpo de António Amorim estará em câmara-ardente no Tanatório de Paranhos, no Porto, a partir desta sexta-feira à tarde, 12 de abril. O funeral realiza-se no dia seguinte, sábado, às 11h00, no Tanatório de Paranhos.