Uma equipa de investigadores liderada por Carla Oliveira, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), é a vencedora da segunda edição da Bolsa em Sarcomas Pediátricos Nonô, atribuída pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). No valor de 15 mil euros, este prémio permitirá identificar biomarcadores de progressão da doença e testar novas terapias dirigidas a esta forma de cancro que apresenta alta taxa de mortalidade em idades muito jovens.

Os sarcomas pediátricos são um dos cancros mais agressivos e mais frequentes em idade pediátrica. Este tipo de tumor desenvolve-se a partir de tecidos como osso, músculo ou nervo e pode surgir em qualquer local do corpo humano. O projeto do i3S foca-se na deteção mais eficiente desta doença que acontece no contexto da Síndrome de Li-Fraumeni causada por variantes germinativas no gene TP53.

O objetivo deste trabalho, explica Carla Oliveira, “é melhorar a vigilância de indivíduos com mutações no gene TP53, uma vez que estas pessoas estão, desde o momento em que nascem, em alto risco de desenvolver vários tipos de cancros em diferentes órgãos”.

No âmbito do projeto de doutoramento (programa doutoral MCBiology) que está a desenvolver no i3S, Alexandre Dias verificou que 53 por cento dos cancros pediátricos que ocorrem nas famílias portuguesas com a síndrome de cancro hereditário relacionado com o TP53, são sarcomas. A partir daí, explica, “surgiu a necessidade de melhorar as formas de monitorizar os indivíduos com maior risco para uma deteção mais eficiente da doença”.

Com esse objetivo, a equipa liderada por Carla Oliveira, e que integra os investigadores Alexandre Dias e Rita Barbosa-Matos, assim como Rita Quental, médica geneticista do Centro Hospitalar Universitário de São João, uniram esforços para identificar biomarcadores clínicos de sarcoma através de modelos 3D derivados de indivíduos com mutações no gene TP53.

O financiamento concedido, sublinha Rita Barbosa Matos, “será fundamental para estabelecer novos modelos de estudo que recapitulam o desenvolvimento do tumor a partir de material dos doentes”.

Esta abordagem, adianta Rita Quental, “permitirá identificar biomarcadores de progressão da doença, e, eventualmente, testar novas terapias dirigidas a esta forma de cancro que apresenta alta taxa de mortalidade em idades muito jovens”.

Sobre a Bolsa em Sarcomas Pediátricos Nonô

Criada em 2022 pela Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Sul, em parceria com os pais de uma menina que lutou contra esta doença, a Bolsa em Sarcomas pediátricos Nonô tem como objetivo apoiar projetos de investigação nesta área, desenvolvidos em Instituições Portuguesas, com o objetivo de melhorar a vida destas crianças.

A segunda edição desta bolsa foi entregue nas “VIII Jornadas de Investigação em Oncologia”, que se realizaram no Auditório António Magalhães Cardoso, em Lisboa, no dia 14 de abril.

A primeira edição desta bolsa também foi conquistada por uma equipa do i3S.