Os docentes e investigadores Eliana B. Souto, Joana Correia Prata, João Catalão, Lúcia Guilhermino e Manuel Simões, todos da Universidade do Porto, integram a edição 2023 do índice “Highly Cited Researchers”, uma iniciativa da Clarivate – empresa do Reino Unido especializada em gestão de informação científica –  que reconhece, anualmente, os cientistas mais influentes a nível mundial, com base no número de citações das respetivas publicações pelos seus pares.

Divulgada esta terça-feira, esta lista destaca um total de 7.125 cientistas provenientes de 70 países e 21 áreas de investigação, referenciados no repositório Web of Science, o maior indexador mundial de informação científica.

A seleção final corresponde ao ponto percentual – “Top 0,1%” – de investigadores que se encontram no topo dos mais referidos – entre janeiro de 2012 e dezembro de 2022 – em diferentes teses, monografias, ensaios ou teorias desenvolvidas em diferentes universidades e laboratórios a nível mundial.

Das engenharias à medicina veterinária

Dos cinco cientistas da U.Porto que integram o índice “Highly Cited Researchers” 2023 há a destacar a estreia de João Catalão, investigador da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) que entra diretamente para o grupo restrito de 131 cientistas mais influentes do mundo no domínio da Engineering.

Professor associado com agregação do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP, o também investigador do SYSTEC – Centro de Sistemas e Tecnologias, que integra o Laboratório Associado ARISE – Produção Avançada e Sistemas Inteligentes, conta com mais de 800 publicações no Google Scholar, a que correspondem mais de 33.000 citações, conferindo-lhe um h-index de 93.

Com um trabalho científico que se divide por áreas como o planeamento de sistemas de energia, a economia de energia ou os mercados de eletricidade, João Catalão é Fellow do prestigiado Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) desde 2021. Nesse mesmo ano, tornou-se o primeiro investigador da U.Porto a atingir a primeira posição a nível nacional no ranking da Guide 2 Research, um dos principais portais no mundo de investigação em Ciências da Computação e Eletrónica.

Os outros quatro investigadores integram o grupo de 3.332 cientistas destacados pelo impacto transversal do seu trabalho. É o caso de Manuel Simões, o único cientista da Universidade presente nas três edições anteriores do ranking e que repete assim a presença entre os mais influentes do mundo.

Professor associado do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da FEUP, Manuel Simões é membro do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE), estrutura que integra, juntamente com o LSRE-LCM e o CEFT, o Laboratório Associado ALiCE, sediado na FEUP. A sua investigação incide fundamentalmente no estudo de biofilmes, no desenvolvimento de estratégias antimicrobianas para o controlo do crescimento microbiano e na área da engenharia de bioprocessos.

De regresso à lista da Clarivate está também Lúcia Guilhermino, professora catedrática no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da U.Porto (ICBAS) – onde dirige o Programa Doutoral em Contaminação e Toxicologia Ambientais da U.Porto e o Programa Doutoral em Ciências do Mar e do Ambiente da U.Porto e da Universidade de Aveiro – e líder do Grupo de Investigação de Meios de Contaminação e Mecanismos de Toxicidade do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR).

Lúcia Guilhermino é autora de perto de 200 artigos científicos em revistas científicas internacionais especializadas, e mais de 400 comunicações/painéis em encontros científicos. A sua atividade científica desenvolve-se nos campos da Ecologia e da Ecotoxicologia, com especial enfoque nos domínios da avaliação dos riscos ambientais e do estudo dos efeitos biológicos e ecológicos dos contaminantes ambientais (microplásticos, nanomateriais, farmacêuticos, óleos, …) nas alterações climáticas.

Presente no ranking dos mais influentes do mundo , onde se estreou em 2022, está igualmente Eliana B. Souto, Professora Auxiliar do Departamento de Ciências do Medicamento da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP).

Mestre em Tecnologia Farmacêutica (2002) pela FFUP e doutorada em Nanotecnologia Farmacêutica e Biofarmacêutica (2005) pela Freie Universitaet Berlin (Alemanha), Eliana B. Souto é autora de cinco patentes e mais de 400 publicações científicas no campo das Nanociências e Nanotecnologias. As suas linhas de investigação centram-se sobretudo na conceção, desenvolvimento e caracterização de novos sistemas de administração de medicamentos. É também editora associada, membro do Conselho Editorial, e revisora de várias revistas científicas internacionais.

Por fim, há a destacar a presença de Joana Correia Prata, professora auxiliar convidada no ICBAS desde fevereiro de 2023 e que integra o ranking, pela segunda vez, tendo como primeira filiação o Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS), onde também é docente convidada.

Licenciada e mestre em Medicina Veterinária (2016) pelo ICBAS, e doutorada em Biologia e Ecologia das Alterações Globais com especialização em Biologia Ambiental e Saúde, Joana C. Prata é reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho científico nas áreas da Ciência Veterinária, Saúde Ambiental, One Health, Contaminantes e Microplásticos.

Em paralelo com a atividade docente e científica, é a editora e redatora principal do website ‘O Meu Animal’, que tem como objetivo fornecer informação de alta qualidade para donos de animais de estimação.

Note-se que Eliana B. Souto, Joana Correia Prata, João Catalão, Lúcia Guilhermino e Manuel Simões também integram mais recente atualização da “World’s Top 2% Scientists list”, um estudo elaborado anualmente por investigadores da Universidade de Stanford (EUA) e que classifica os cientistas mais citados a nível mundial nas respetivas áreas.

U.Porto lidera em Portugal. EUA domina no mundo

No total, o índice Highly Cited Researchers 2023 inclui 19 investigadores ligados a instituições de ensino superior portuguesas, menos um do que na edição anterior.

Para além dos cinco representantes da U.Porto, que volta a ser a instituição mais representada, a lista inclui ainda investigadores ligados às universidades de Aveiro (3), Lisboa (2), Minho (3), Nova de Lisboa (1) e Católica Portuguesa (1), ao Politécnico de Bragança (2), ao Politécnico do Porto (1) e ao Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (1).

Os Estados Unidos da América (com 2.669 cientistas destacados), China (1.275), Reino Unido (574), Alemanha (336) e Austrália (321) são os países mais representados no ranking deste ano. Já a Academia Chinesa de Ciências (China) é a instituição com mais investigadores (270) entre os mais citados do mundo, mais 33 do que a anterior líder, a Universidade de Harvard (EUA).