O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), órgão que reúne os reitores das 13 universidades públicas nacionais e que é atualmente presidido pelo Reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, manifestou esta quinta-feira o seu “apoio e solidariedade às universidades e às comunidades académicas, bem como ao povo ucraniano”, em resposta à invasão da Ucrânia pela Federação Russa.

“O CRUP e as universidades que o integram promoverão, em colaboração com o governo português, autarquias locais e com a Plataforma Global para a Educação Superior nas Emergências, todos os esforços necessários à criação de condições de apoio aos estudantes, trabalhadores, docentes e investigadores ucranianos que se encontram em Portugal”, refere o comunicado divulgado pelo CRUP. Um apoio que é extensível àqueles que “venham a solicitar o estatuto de refugiado no nosso país”.

Para além de encorajar os membros das comunidades académicas que representa a “prestarem assistência através de todos os meios possíveis a todos os afetados por este conflito”, o CRUP compromete-se ainda a providenciar “toda a assistência possível às universidades ucranianas e aos membros da comunidade académica russa que se opõem à agressão contra a Ucrânia”.

Na mesma mensagem, o CRUP “condena a agressão que se encontra em curso” e “sublinha o seu total compromisso com os valores europeus, a dignidade, liberdade, democracia, igualdade, com o estado de direito e os direitos humanos, que orientam a ação das universidades europeias”.

O comunicado termina referindo que “as universidades do CRUP apenas se envolverão em colaborações com organizações da Federação Russa quando estas estejam claramente baseadas nos valores europeus que compartilhamos”.

… e Universidades europeias também

O comunicado do CRUP vai de encontro à tomada de posição conjunta anunciada recentemente pela European University Association (EUA) sobre o conflito na Ucrânia.

Na declaração divulgada no passado dia 7 de março, os mais de 850 membros da EUA, entre os quais se inclui a U.Porto, condenam “veementemente a invasão da Ucrânia pela Federação Russa”, e “comprometem-se a prestar toda a assistência necessária às suas congéneres ucranianas e aos académicos russos que necessitem de apoio pela sua oposição ao conflito”.

A EUA suspendeu ainda “por tempo indeterminado todas as colaborações com as agências do governo central da Federação Russa, ou de qualquer outro país que apoie ativamente a invasão russa da Ucrânia”.

Onde de solidariedade na U.Porto

Entretanto, a comunidade académica da Universidade – com especial destaque para as associações de estudantes e outros organismos estudantis – permanece mobilizada na resposta à crise humanitária na Ucrânia.

Entre as muitas iniciativas a decorrer nos diferentes polos da Universidade inclui-se a campanha de recolha de bens liderada pela Associação de Estudantes da Faculdade de de Ciências (AEFCUP) e que envolveu as restantes faculdades do Campo Alegre  Arquitetura, Letras e Ciências da Nutrição e Alimentação) Em menos de uma semana, esta ação permitiu juntar mais de 1000 embalagens de bens alimentares, 312 produtos de higiene e saúde, mais de 6000 unidades de utensílios de cozinha, 62 embalagens de ração para cães e gatos e 802 peças de vestuário e calçado para homem, mulher e criança, entre outras doações.

Estes bens estão a caminho da fronteira com a Polónia para ajudar as vítimas da guerra na Ucrânia. Para além desta entrega, os bens recolhidos na FCUP entre os dias 7 e 11 de março vão também ajudar os refugiados ucranianos que chegam a Portugal.

A esta onda de solidariedade junta-se também o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S), onde está a decorrer uma outra campanha de angariação de produtos alimentares, fórmulas infantis, produtos de higiene de crianças e adultos, medicamentos e material de primeiros socorros.

Depois de uma primeira semana em que foram reunidos 20 caixotes repletos de bens a doar, a campanha foi estendida por mais uma semana (até 11 de março). Os bens serão entregues ao centro de recolha da Câmara Municipal da Trofa, que os fará chegar à população ucraniana no âmbito do movimento “A Trofa está com a Ucrânia”.

Os bens recolhidos no i3S vão partir para a Ucrânia a partir do centro de recolha instalado na Câmara Municipal da Trofa. (Foto: DR)