A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) implementou, durante a última semana, sessões de treino em simulação médica para 30 profissionais de saúde oriundos da Ucrânia e da Geórgia.

A iniciativa faz parte do projeto europeu LIFESTRAND, que visa formar estes profissionais de saúde do Leste em cenários de suporte básico e avançado de vida, bem como de medicina de emergência e catástrofe. A par da FMUP, a Universidade de Santiago de Compostela e a Sociedade Espanhola de Médicos de Cuidados de Saúde Primários são os restantes parceiros.

“O objetivo é que os profissionais adquiram competências e que posteriormente as transmitam às populações locais afetadas pelo atual conflito militar”, revela Francisco Cruz, subdiretor da FMUP e um dos coordenadores do projeto.

Esta iniciativa surgiu para ajudar a dar resposta às consequências provocadas pelo atual conflito militar no território ucraniano, nomeadamente junto de instituições de ensino superior e representantes da comunidade que vivem em zonas de risco militar na Ucrânia e na Geórgia.

Formar para salvar mais vidas em cenários de risco

“Os participantes tiveram a oportunidade de aprender e treinar competências de gestão do doente politraumatizado, incluindo os cuidados de saúde perante fraturas, hemorragias, dor, evacuação, entre outros, através de diversos cenários de simulação clínica”, explica Cristina Granja, diretora do Centro Pluridisciplinar de Simulação da FMUP e responsável pela formação ministrada.

É esperado que as formações reforcem as capacidades de ensino de competências de primeiros socorros de sete instituições de ensino superior e beneficiem não só 250 funcionários e estudantes, como também mais de sete mil cidadãos ucranianos e georgianos que vivem nas atuais zonas de risco militar.

(Foto: FMUP)

De acordo com os promotores do projeto, o atual cenário vivido na Ucrânia “demonstra a especial vulnerabilidade e os riscos diretos de morte para as comunidades que vivem em zonas de conflito”.

Os promotores acrescentam ainda que “as infraestruturas de cuidados de saúde danificadas ou limitadas exigem o reforço das competências das comunidades locais em matéria de primeiros socorros e de prestação de cuidados de suporte de vida e de cuidados pré-hospitalares em caso de trauma”.

Ao longo do projeto, caberá ainda às três instituições ibéricas o desenvolvimento dos manuais de apoio e dos guias de primeiros socorros, bem como a monitorização de todo o processo de treino que vai decorrer ao longo dos próximos três anos.

As sessões de formação decorreram no Porto nos dias 22 e 23 de fevereiro, nas instalações da Simulação Médica da FMUP.