Para a manhã de 18 de novembro, sábado, temos uma proposta que promete fazer a diferença: entrar na máquina do tempo! Posicionando-se na década de 1930, quem passar pelo Edifício Histórico da Reitoria da Universidade do Porto vai fazer um arco temporal de 50 anos de história do figurado de Barcelos. E fora do país? Como foi a década de 1930, nomeadamente em Paris? O testemunho será do médico, professor, investigador e artista Abel Salazar que lá viveu durante esse período. Vai ser assim, o Dia Europeu do Património Académico 2023.
Com quase 200 peças, a exposição Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística – a inaugurar a 13 de novembro – permite uma rara panorâmica sobre a evolução do figurado de Barcelos. Que aspeto tinha o galo de Barcelos original? Como era, realmente, a arte popular durante o Estado Novo? Qual o papel dos estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto nesta descoberta?
Nas Galerias da Casa Comum, os visitantes vão encontrar peças (1930 e 1940) que já pertenciam ao Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) e outras (1950 a 1970) que chegaram através de uma doação dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez. Eram ainda estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto – precursora das faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da U.Porto – quando, com o pintor e professor António Quadros (1933-1994), conheceram a barrista minhota Rosa Ramalho (1888-1977).
O fascínio por esta arte popular e a vontade de descobrir o país real, recusando a versão inventada pelo Estado Novo, levou os estudantes a viajarem do Alto Minho a Trás-os-Montes e Alentejo. Para além da produção em série, ao percorrerem as barracas de feiras, Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez identificaram peças produzidas manualmente, reconhecendo a existência de objetos de arte que convidavam à contemplação. Rosa Ramalho, Rosa Côta e Teresa Mouca são alguns exemplos de artistas que nunca deixaram de produzir obra própria.
Este encontro entre professores, estudantes e barristas barcelenses chamou a atenção para uma expressão da arte popular que era pouco valorizada e impactou a produção artística do figurado.
À descoberta de Paris com Abel Salazar
Onde estão, então, as plumas, as cigarrilhas e o ambiente de café da cidade de Paris dos anos 1930? Subindo até ao quarto piso do edifício, os visitantes vão deparar-se com exemplares da obra plástica de Abel Salazar na Sala do Fundo Antigo. São quadros que representam uma estética feminina burguesa, da década de 1930, em Paris.
As Viagens de Abel Salazar: Paris 1934 é uma exposição que tem como mote a publicação Paris em 1934 – reeditada pela U.Porto Press – e que reúne um conjunto de reflexões sobre a da capital francesa, durante um autoexílio do histórico médico e professor da U.Porto. Inserido num contexto de um intenso fervilhar cultural, como foi a experiência de Abel Salazar em Paris? Que visão quis partilhar dos seis meses em que lá viveu? Que ideias e projetos trouxe na bagagem, de regresso a Portugal? É vir e saber!
Para além das obras plásticas e de outros materiais e reproduções que resultam desta estadia, será convidado a percorrer uma espécie de Atlas de Memórias de Abel Salazar. Esta exposição resulta de uma parceria com o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Quanto custa o bilhete para esta “viagem no tempo”, com início marcado para as 11h00 do dia 18 de novembro? O tempo de fazer a inscrição (gratuita), enviando um e-mail para [email protected].
Sobre o Dia Europeu do Património Académico
O Dia Europeu do Património Académico foi celebrado pela primeira vez, em Portugal, a 18 de novembro de 2021. Nesse data, 16 instituições de ensino superior nacionais responderam ao desafio de abrirem as suas portas à comunidade, lançado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
A iniciativa partiu da Comissão Especializada de Cultura do CRUP, ativada pela Universidade Porto durante o primeiro Encontro Nacional Universidade e Cultura, realizado em dezembro de 2020.