Foi apresentada, passado dia 6 de novembro, em Madrid, a Enciclopédia do Românico em Portugal, um projeto editorial da Fundación Santa Maria la Real del património histórico (FSMLR), que contou com a colaboração científica da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).

Composta por três volumes, a Enciclopédia do Românico em Portugal resulta de um protocolo estabelecido entre a FSMLR, a Fundación Rámon Areces e a FLUP, em 28 de fevereiro de 2018, no Porto.

Para a concretização deste ambicioso projeto, que procura recuperar e inventariar todos os testemunhos do movimento artístico que reinou em Portugal e no resto da Europa entre os séculos XI e XIII,  contribuíram, ainda, instituições como a Direção Geral do Património Cultural (DGPC), a Direção Regional da Cultura do Norte (DRC-N) e a Rota do Românico (RR).

Na FLUP, instituição escolhida para liderar a elaboração da Enciclopédia do Românico em Portugal, a coordenação geral e científica da obra ficou a cargo dos docentes Maria Leonor Botelho, Mário Barroca, Lúcia Maria Cardoso Rosas e de César Guedes (investigador do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória CITCEM/FLUP).

Teresa Cunha Ferreira, docente da Faculdade de Arquitetura da U.Porto e investigadora do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU-FAUP), ficou responsável pela coordenação científica dos desenhos publicados.

“Uma Enciclopédia viva que nos permite viajar entre dois países tão fantásticos”

A sessão de apresentação da Enciclopédia do Românico em Portugal teve lugar na sede da Fundación Rámon Areces, instituição patrocinadora do projeto.

Estiveram presentes na sessão Raimondo Pérez-Hérnandez y Torra, diretor da F. Rámon Areges, Ignacio Fernandéz Sobrino, presidente da F. Santa María la real; João Mira Gomes, embaixador de Portugal em Espanha; Paula Conte, diretora da área de cultura e património da FSMLR; José María Pérez, Peridis, diretor da obra e Jaime Nuño González, coordenador geral da publicação e Diretor do Centro de Estudios del Románico da FSMLR e a docente Maria Leonor Botelho (FLUP), em representação da equipa responsável pela coordenação científica da obra.

O Embaixador de Portugal em Madrid, João Mira Gomes, destacou a importância das relações bilaterais entre os dois países e a importância das parcerias público-privadas ao nível do desenvolvimento de projetos de investigação, cujo alcance é também o de permitir conhecer os territórios.

“Vamos aproveitar esta Enciclopédia como uma Enciclopédia viva, que nos permite não só descobrir mais, mas que nos permite viajar entre dois países tão fantásticos, com um património tão monumental como o são Portugal e Espanha”, referiu João Mira Gomes.

A apresentação pública do projeto em Portugal decorrerá em fevereiro de 2024 (datas a anunciar), nas cidades Porto e Lisboa.

Note-se que a Enciclopédia do Românico em Portugal encontra-se inserida no âmbito do grande projeto da Enciclopedia del Románico, que a FSMLR tem empreendido com visível sucesso científico desde 2002. Distinguida com o Prémio Europa Nostra 2003, esta coleção conta já com 58 volumes publicados.

Sendo uma das mais significativas obras editoriais levadas a cabo em Espanha, é também uma obra integradora por congregar a colaboração de universidades, de diversas instituições e de investigadores independentes, tendo nela já participado mais de 2.000 pessoas, incluindo os mais conceituados especialistas da matéria.

A Enciclopédia do Românico em Portugal em números

Esta Enciclopédia integra um conjunto de 294 entradas produzidas por um total de 24 autores sobre os testemunhos da época românica que subsistem em Portugal.

As entradas apresentam um conjunto muito significativo de testemunhos de arquitetura religiosa, (incluindo oito capelas, 120 igrejas, 38 mosteiros e seis catedrais), de arquitetura militar (com destaque para 31 castelos que mantiveram preservadas as principais características de um reduto militar românico) e de arquitetura civil, (dez pontes e cinco paços, incluindo uma Domus Fortis).

Os vestígios de cariz funerário estudados são constituídos por três marmoirais, dois cenotáfios e cinco jacentes. Os elementos de escultura devocional, de ourivesaria e torêutica, que se conservam em arquivos, bibliotecas e museus portugueses e estrangeiros, são analisados detalhadamente ao longo de 55 entradas.

As 11 entradas dedicadas ao estudo de scriptoria, iluminura e de um conjunto de códices completam a leitura dos testemunhos da época.

A realização da obra implicou um investimento de cerca de 200 mil euros, suportado pela Fundación Rámon e Areces.