Estão em posição de desafio. Ou brincadeira. Durante todo o mês de maio, quem entrar no átrio do edifício da Reitoria da Universidade do Porto, encontrará duas crias de leopardo. A maternidade é o tema escolhido pelo Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP). Vai ser assim o próximo capítulo do “Breviário”.

É uma peça que faz despertar “sentimentos fortes, emocionais e quase maternais”, reconhece Francisco Álvares, Curador da coleção de Mamíferos do MHNC-UP. Por outro lado, sublinha, esta peça também reflete determinadas características dos mamíferos, como é o caso destes leopardos africanos. De que falamos? Da dependência dos respetivos progenitores.

“São o grupo faunístico, de todos, que tem uma maior dependência em termos de gestação (com períodos mais longos como é o caso do elefante e da baleia), assim como de dependência da mãe. A fragilidade e vulnerabilidade desta crias torna-as uma “presa fácil para uma série de espécies de carnívoros”. Ou seja, são crias que necessitam, durante um longo período, da atenção da mãe para sobreviver.

Sendo caçadores “tão especializados”, sublinha Francisco Álvares, os leopardos têm de passar por “todo um processo de aprendizagem sobre as técnicas de caça e sobre os perigos que têm de enfrentar”. Uma aprendizagem “que chega a durar dois anos”. E, tal como acontece com os humanos, “é em contexto de brincadeira” que os leopardos começam a desenvolver “as competências sociais que nos irão permitir interagir com o grupo”. As “brincadeiras são importantes para fortalecer os laços entre as duas crias”, da mesma forma que ajudam também a criar uma ligação mais forte com a progenitora.

Simultaneamente, vão aprendendo a caçar. É muito frequente, durante a brincadeira, o carnívoros morderem a zona do pescoço do parceiro que é onde, precisamente, “quando adultos, atacam as presas”. Também pela relevante dimensão do cérebro (e importância das ligações sociais), estes momentos, afirma Francisco Álvares, são “cruciais para o desenvolvimento cognitivo e comportamental desta espécie de mamífero”.

Francisco Álvares é Curador dos Mamíferos do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto. (Foto: U.Porto)

Breviário: Um olhar sobre os tesouros da U.Porto

“Inaugurado” em abril de 2023, o Breviário é uma iniciativa que tem como objetivo partilhar a beleza, as particularidades e as origens de animais e objetos que habitam o espólio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, abrindo assim uma janela para o vasto património das reservas do MHNC-UP.

Todos os meses, quem passar pelo átrio de entrada da Reitoria da U.Porto (Praça Gomes Teixeira), vai então encontrar um “tesouro” proveniente do MHNC-UP. Quando estiver junto da(s) peça(s) em exposição, basta apontar o telemóvel para o QR Code e ficar a conhecer o/a respetivo/a curador/a e as histórias que tem para contar.

Quem quiser conhecer “os bastidores do museu” pode também inscrever-se e fazer uma visita às reservas do MHNC-UP.