A investigadora Inês Gonçalves, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi distinguida com o Prémio Revelação na 35.ª edição dos Prémios Dona Antónia Adelaide Ferreira, atribuídos pela Sogrape. A cientista de 41 anos vê reconhecido desta forma o seu contributo para a inovação na Ciência, nomeadamente com o desenvolvimento de biomateriais e dispositivos médicos para aplicações antimicrobianas e cardiovasculares.

Para Inês Gonçalves, receber o Prémio Dona Antónia Revelação é “uma grande honra e um reconhecimento muito importante do meu trabalho e da minha equipa, e de tudo o que envolve ser investigadora, pois fazer ciência não é só vestir a bata e fazer experiências no meu laboratório no i3S. Há uma outra parte tão ou mais importante que é a partilha com a sociedade, um legado tão marcante de Dona Antónia. E esta partilha é, sem dúvida, o que me move”

“Nos dias que correm, e sem haver uma verdadeira carreira de investigação em Portugal, fazer ciência requer muita coragem, esforço e dedicação à causa. Tal como Dona Antónia, espero que o percurso que estou a trilhar possa inspirar muitas mulheres e, entre elas, outras cientistas e mães”, acrescenta a investigadora.

Quanto ao destino do prémio, Inês Gonçalves decidiu doá-lo ao i3S para ser aplicado num “projeto de imenso valor público que, nesta fase, necessita de ajuda para garantir a sua sustentabilidade futura. Será usado para reabilitar e reequipar o Laboratório Aberto, um projeto lançado há 15 anos pelo IPATIMUP, que foi agora integrado no programa educativo do i3S, aquando da fusão do IBMC, INEB e IPATIMUP. O Laboratório Aberto proporciona o ensino experimental da ciência e tecnologia a 6400 alunos da cidade do Porto, cujas escolas não têm condições para realizar atividades experimentais”.

Sobre Inês Gonçalves

Investigadora principal e atual líder do grupo do «Advanced Graphene Biomaterials» no i3S, Inês Gonçalves é membro da direção da Sociedade Ibérica de Biomecânica e Biomateriais e cofundadora da startup GOTech Antimicrobial. Os seus principais interesses de investigação e inovação focam-se no desenvolvimento de biomateriais e dispositivos médicos para aplicações antimicrobianas e cardiovasculares. Destacam-se os cateteres e dispositivos de desinfeção revestidos com grafeno antimicrobiano, bem como os polímeros e matrizes descelularizadas reforçadas com grafeno para próteses vasculares.

É autora de mais de 40 publicações científicas em revistas internacionais, tendo coordenado vários projetos nacionais e internacionais, organizado mais de 25 conferências científicas internacionais, e visto a sua investigação apresentada em mais de 120 eventos internacionais. Em paralelo, tem liderado vários projetos de transferência de tecnologia financiados por diferentes entidades internacionais, que resultaram na submissão de cinco patentes, uma das quais foi já concedida.

Do vasto currículo da investigadora destaca-se a conquista de um financiamento de quase três milhões de euros atribuído pelo Conselho Europeu de Inovação (EIC) Pathfinder Challenge, no âmbito do programa Horizonte Europa. Denominado «Blood2Power», um Prémio Inovação atribuído pela fundação Wellcome Trust, um financiamento atribuído pela Fundação ”la Caixa”, no âmbito do Concurso CaixaResearch Validate 2021 e um prémio atribuído pelo programa HiTech One, uma iniciativa da HiSeedTech.

Inês Gonçalves conquistou também uma Medalha L’Oréal em 2014, na altura ainda como investigadora do INEB, um dos institutos fundadores do i3S, e foi a representante portuguesa do Young Scientist Forum, da European Society for Biomaterials (2018 – 2021).

Participa regularmente em várias ações de disseminação de Ciência, tendo coordenado durante mais de 10 anos a iniciativa “Porto de Crianças”, realizada pelo INEB em parceria com a Câmara Municipal do Porto, com o objetivo de proporcionar a crianças do 1º ciclo um primeiro contacto com a Ciência.

Sobre os Prémios Dona Antónia

Criados em 1988 pelos descendentes da homenageada e pela Sogrape, detentora da marca Porto Ferreira, os Prémios Dona Antónia Adelaide Ferreira têm como objetivo distinguir e prestigiar mulheres portuguesas com um percurso de vida excecional, que se destacam pelas suas qualidades humanas, espírito empreendedor, capacidade de liderança e sensibilidade social, abertura à inovação e constante procura pelo seu próprio desenvolvimento.

O júri, presidido por Artur Santos Silva, ex-presidente do Conselho Geral da U.Porto, entrega anualmente: o Prémio Consagração de Carreira, que homenageia um percurso de vida consolidado e merecedor de inequívoco reconhecimento público; e um Prémio Revelação, que procura enaltecer uma carreira de relevância em fase de afirmação e desenvolvimento.

Todas as vencedoras são protagonistas de uma história única e diferente, seguindo o exemplo da vida e obra de Dona Antónia e identificando-se com os valores pessoais e profissionais personificados por aquela personagem ímpar na história do Douro, cujo nome está associado ao desenvolvimento da viticultura duriense e, em particular, da casa Porto Ferreira.

Nesta edição dos Prémios Dona Antónia Adelaide Ferreira, o júri atribuiu o prémio Consagração de Carreira à  antiga ministra do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros e ex-presidente da Fundação de Serralves, Teresa Patrício Gouveia, reconhecida como ” uma das maiores referências na Política portuguesa no feminino dos últimos 40 anos”.

A cerimónia de entrega da 35.ª edição dos Prémios Dona Antónia teve lugar no dia 4 de julho. (Foto: DR)

Estes prémios representam uma das iniciativas da Sogrape de promoção do talento e liderança feminina no âmbito do Programa Global de Sustentabilidade «Seed the Future», que tem como meta “contribuir ativamente para o empoderamento de 100 mulheres, inspirando-as a exercer um impacto positivo na sociedade e no desenvolvimento do nosso país, seguindo precisamente o exemplo que nos deixou Dona Antónia”, refere Raquel Seabra, Administradora Executiva da Sogrape.

“Todas as formas de homenagem possíveis serão sempre poucas, sejam os Prémios Dona Antónia para reconhecer mulheres únicas pelo seu humanismo e competências profissionais, o vinho Antónia Adelaide Ferreira DOC Douro Tinto com a nova colheita de 2019 lançada precisamente a 4 de julho, ou o nome da futura ponte sobre o rio Douro, cujo voto popular escolheu chamar-lhe Ponte da Ferreirinha“, salienta a responsável.

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