No âmbito do Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, que se assinala a 17 de maio, a Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto apresenta Afetos diversos. A mostra de filmes alemães LGBTQIA+ resulta de uma parceria entre o Goethe-Institut Portugal e a U.Porto e vai decorrer durante todo o mês de maio, com entrada gratuita.

Combater a intolerância e a estigmatização das orientações sexuais e identidades de género não normativas é o principal objetivo deste ciclo que irá abordar temáticas diversas, mas todas elas em torno da sexualidade e da identidade de género.

Entre dramas “coming of age”, naturalistas e documentários, cada uma das quatro sessões que integram o programa do ciclo servirá de mote para uma conversa com o público.

O ciclo arranca a 3 de maio, com Neubau. O filme de Johannes Maria Schmit coloca-nos perante as angustias existenciais do jovem Markus que sonha com uma vida urbana, longe da aldeia onde vive e dos constrangimentos que a família representa. Quando a saúde da avó se deteriora e ele se apaixona por um jovem, caberá a Markus decidir a vida que vai querer viver. No final do filme, a conversa com o público contará com a presença de Constança Carvalho Homem (QUEER Porto).

Dia 17 maio, ficaremos com Futur Drei, de Faraz Shariat. Este filme vai permitir fazer uma incursão pelo fenómeno da migração. Parvis vive na Alemanha e é filho de pais iranianos. Apanhado a roubar, é condenado a fazer serviço comunitário como tradutor, num abrigo para refugiados, onde conhece dois irmãos que fugiram do Irão. Enquanto assistimos a um verão de amor em que se dança pela noite dentro e se vivem momentos de alegria, aborda-se a questão da migração de várias formas. Embora tenha nascido na Alemanha, Parvis toma consciência de que se sente um estrangeiro. Daniel Pinheiro (QUEER Porto) e Allan Barbosa (QUEER tropical) estarão na Casa Comum para uma conversa no final da projeção do filme.

Futur Drei, de Faraz Shariat, será exibido na Casa Comum a 17 de maio (Foto: DR)

No dia 24 maio, será exibido outro filme que ao sistema binário de género acrescenta o fator cultural. Zuhurs Tochter, de Laurentia Genske e Robin Humboldt, conta a história de duas irmãs adolescentes transgénero que, com a sua família, fugiram da Síria para a Alemanha. Vivem no centro de refugiados (com a mãe, o pai, a segunda mulher e nove irmãos) em constante estado de tensão. Por um lado a família e a comunidade à qual pertencem, de estrutura tradicional e estritamente religiosa, por outro, o ambiente ocidental que lhes facilita a expressão do seu verdadeiro eu. Durante três anos, o filme acompanhou-as nas suas incursões, na sua transição e na sua procura de identidade. Temas que serão debatidos na conversa final com Hilda de Paulo (QUEER Porto).

É com a delicadeza e bravura do primeiro amor que o ciclo termina. Dia 31 maio. Cocoon, de Leonie Krippendorff e Steve Guttenberg, será o filme em exibição. Nora tem 14 anos e não quer saber de convenções sociais, de género, ou de modelos do Instagram. Durante um verão quente, é com o coração a pulsar que a protagonista tenta encontrar o seu caminho, na Berlim operária de Kreuzberg. Resumidamente, quer abandonar o  casulo e voar. A comentar este último filme estará Jorge Gato, investigador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto (FPCEUP).

Todas as sessões começam às 18h30 e têm entrada livre.

Sobre o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia

Foi no dia 17 de maio de 1990 que Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a homossexualidade como uma perturbação mental. Quinze anos depois, a 17 de maio de 2005, fez-se o primeiro International Day Against Homophobia, Biphobia and Transphobia (IDAHOBIT), um evento que pretende chamar a atenção e combater a discriminação, a violência e o preconceito contra as pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo.

Na altura, o dia era conhecido como “IDAHO”, ou seja, Dia Internacional contra a Homofobia. Em 2015, a iniciativa alcançou as proporções que hoje conhecemos: um dia de apelo a indivíduos, organizações e governos para que sejam tomadas medidas que defendam os direitos das pessoas LGBTQIA+, criando ambientes mais seguros e inclusivos.