A Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) está a coordenar, desde 2021, os trabalhos conducentes à candidatura para a inscrição de um conjunto de obras de Álvaro Siza na Lista do Património Mundial da UNESCO, que inclui o próprio conjunto de edifícios da FAUP.

Da candidatura ‘Obras de Arquitetura de Álvaro Siza em Portugal’ fazem parte, a par da FAUP, os projetos para a Piscina das Marés, a Casa de Chá da Boa Nova, o Museu de Serralves, o Pavilhão de Portugal em Lisboa, o Bairro da Bouça, a Igreja do Marco de Canavezes e a Casa Alves Costa em Caminha.

A seleção dos oito projetos está relacionada, entre outros critérios, com o facto de a maior parte das obras já ser património e pela variedade tipológica ou funcional dos edifícios propostos.

O diretor da FAUP e responsável pela submissão da candidatura, João Pedro Xavier, sublinha que “a candidatura está preparada com as chamadas extensões futuras”, para que, mais tarde, se possam associar outros projetos do arquiteto Álvaro Siza, incluindo no estrangeiro.

“A ideia é incluir não só algumas obras que já estão na lista indicativa, a Malagueira [em Évora], o Chiado [em Lisboa] e outras obras significativas, mas também abrir para obras no estrangeiro que estejam fora de Portugal”, revela João Pedro Xavier.

Teresa Cunha Ferreira, coordenadora executiva da candidatura no âmbito da Cátedra Unesco ‘Património Cidades e Paisagens. Gestão Sustentável, Conservação, Planeamento e Projeto’ da FAUP“, nota que a candidatura vem colmatar uma lacuna importante na lista do Património Mundial uma vez que, “a confirmar-se, será o primeiro arquiteto com uma série de obras da segunda metade do século XX”.

Um esforço conjunto

Para além da Universidade do Porto, são parceiros destas candidatura a Universidade de Lisboa, a Câmara Municipal do Porto, a Câmara Municipal de Matosinhos, a Câmara Municipal de Lisboa, a Câmara Municipal do Marco de Canavezes, a Câmara Municipal de Caminha e a Fundação de Serralves.

A equipa de trabalho integra os docentes e investigadores Ana Tostões, Carlos Machado, José Miguel Rodrigues, Rui Fernandes Póvoas, Tiago Trindade Cruz, Pedro Murillo Freitas, entre outros doutorandos e investigadores da FAUP e Cátedra UNESCO; e os consultores Bénédicte Gandini, Jörg Haspel, Špela Spanžel, Mariana Correia, Soraya Genin, Nuno Ribeiro Lopes, José Aguiar, Xavier Romão, Isabel Breda Vásquez, Isabel Coimbra.

O grupo de trabalho da Comissão Nacional da Unesco que avaliará a candidatura é presidido pelo Embaixador José Filipe Morais Cabral, que preside, também, à Comissão.

A 15 de janeiro deste ano decorreu a primeira submissão da candidatura, que obteve parecer favorável. A submissão da revisão da candidatura ao grupo de trabalho do Património Mundial decorreu a 6 de abril. Até lá, tiveram lugar várias reuniões de trabalho com os diversos parceiros.

Álvaro Siza: Uma carreira ímpar

Estendendo-se ao longo de uma carreira de cerca de sete décadas, as obras do arquiteto Álvaro Siza em Portugal acompanham as transformações da arquitetura desde a segunda metade do século XX até aos dias de hoje. Alcançaram um reconhecimento global e assumiram uma forte influência no contexto internacional, tornando-o numa referência entre arquitetos de todo o mundo.

No seu conjunto, os projetos incluídos na candidatura ‘Obras de Arquitetura de Álvaro Siza em Portugal’ ilustram a abrangência da sua linguagem arquitetónica, que constitui uma contribuição singular para a arquitetura do ponto de vista conceptual, espacial, formal e material.

Álvaro Siza estudou Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) – antecessora das faculdades de Arquitectura e de Belas Artes da U.Porto – e foi professor catedrático convidado da FAUP até 2003. Foi colaborador do Professor Fernando Távora entre 1955 e 1958. Ensinou na ESBAP entre 1966 e 1969; reingressou em 1976 como Professor Assistente de “Construção”.

Foi Professor Visitante na Escola Politécnica de Lausanne, na Universidade de Pensilvânia, na Escola de Los Andes em Bogotá, na Graduate School of Design of Harvard University como “Kenzo Tange Visiting Professor”; leccionou na Faculdade de Arquitectura do Porto (jubilado em 2003). É membro da American Academy of Arts and Sciences; é “Honorary Fellow” da RIBA/Royal Institute of British Architects; “Honorary Fellow” e “Honorary FAIA” da AIA/American Institute of Architects; membro da Académie d’Architecture de France; da Royal Swedish Academy of Fine Arts; da IAA/International Academy of Architecture; membro da American Academy of Arts and Letter.

Dos inúmeros prémios que lhe foram atribuídos destacam-se o o Prémio Pritzker (1992), o Prémio Mies van der Rohe (1988), o Prémio Nacional de Arquitetura (1993), a Medalha Alvar Aalto (1998) e a Medalha de Ouro (2009), do Royal Institute of British Architects, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (2002), pelo melhor projeto, e o Leão de Ouro de Carreira (2012).

Mais recentemente, foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (2017), a Medalha de Mérito da Universidade do Porto (2018), o Grande Prémio da Academia de Belas-Artes francesa (2019) ou o o Prémio Nacional de Arquitetura de Espanha (2019).