Siza Barroco é um projeto de investigação desenvolvido ao longo dos últimos três anos no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (CEAU-FAUP) que visa colocar em evidência a relação entre a ideia de Barroco e a obra de Álvaro Siza.

Os resultados da investigação, observada a partir de uma perspetiva curatorial e não meramente monográfica, serão agora conhecidos num vasto programa cultural pensado para um público alargado através de um conjunto de eventos diverso e aberto à cidade.

As relações entre a arquitetura de Álvaro Siza e o Barroco estão presentes em vários autores que escreveram sobre o primeiro “Ptritzker” português, além de permanecerem no modo como o próprio, referindo-se ao Porto, e a Nasoni, em textos escritos, seus, anuncia o seu interesse e empenho em conhecer melhor a arquitetura e a cidade Barrocas. Enquanto tendência na arte em geral e na arquitetura em particular, o Barroco quer construir um mundo novo com base no antigo que este crê não estar preparado para o presente e o futuro que há-de vir.

A proposta da equipa de investigação liderada pelos investigadores José Miguel Rodrigues, Diretor do CEAU e professor da FAUP, e Joana Couceiro, Investigadora do CEAU-FAUP, é verificar na obra de Álvaro Siza a presença das ideias e dos ideais Barrocos, procurando compreender o quanto esta é uma arquitetura sem tempo.

“Tratou-se de prosseguir um caminho, um percurso natural, cientes de que a colocação lado-a-lado da ideia de Barroco e da arquitetura de Álvaro Siza traria ganhos de conhecimento a ambas as partes” refere a equipa, sublinhando que “se, por um lado, a arquitetura de Siza se compreende melhor à luz do Barroco (ideológico), também o Barroco (cronológico) resulta mais inteligível com a obra de Siza.”

O programa, que tem início em abril e prolonga-se até dezembro de 2024, integra conferências, uma exposição, um colóquio e um concerto que cruzam e entrecruzam a arquitetura de Siza, a arquitetura de Nasoni, a talha dourada, a música barroca-contemporânea, etc.

Álvaro Siza com maquete da Malagueira no escritório da Rua da Alegria, no Porto. Cortesia de Drawing Matter.

Arquitetura, pensamento e música cruzam-se no Museu Nacional Soares do Reis e na Igreja dos Clérigos

O calendário de iniciativas abre a 20 de abril, no Museu Nacional Soares dos Reis, com uma conferência de Eduardo Souto de Moura sobre “A Actualidade do Barroco”.

Seguem-se três conferências com contributos de outras disciplinas: Ángel Garcia-Posada (4 de maio), Juan José Lahuerta (18 de maio) e Maria Filomena Molder (22 de junho), consultores do projeto de investigação.

A 12 de setembro, inaugura a exposição “Siza Baroque”, uma mostra patente até 31 de dezembro no Museu Nacional Soares dos Reis, lado a lado com as coleções e o projeto de Fernando Távora para o Museu.

Já no dia 28 de setembro, realiza-se o segundo ato de conferências com José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro – “Siza e o Barroco” -, Ana Tostões – “Siza e o Moderno”, e Jorge Figueira – “Siza e o Pós-moderno”. O segundo ato de conferências termina com um debate com todos os convidados moderado por Sílvia Ramos, investigadora do projeto.

O colóquio “Betão, Branco, Dourado” decorre no dia 7 de dezembro e integra comunicações dos investigadores do projeto: Sílvia Ramos, Miguel Araújo, Mariana Sá, Ricardo Leitão, Inês Sanz Pinto, Mafalda Lucas, Graça Correia, Hélder Casal Ribeiro, João Pedro Serôdio, Luís Urbano, Marco Ginoulhiac, Nuno Brandão Costa, e dos convidados João Pedro Xavier e Susana Ventura.

O momento de encerramento vai ser assinalado com um concerto na Igreja dos Clérigos, a 14 de dezembro, a partir da obra ‘barroca-contemporânea’, Magnificat em Talha Dourada, de Eurico Carrapatoso.

“Este autor contemporâneo, à semelhança de Álvaro Siza, compõe estabelecendo fortes vínculos com a história, nomeadamente Barroca (Bach!), um processo criativo comum que procuramos dar a ver e perseguir na nossa própria ideia de investigação em arquitetura e, muito em particular, neste projeto” nota a equipa.

O concerto constitui-se como um evento celebrativo num lugar arquitetónico simbólico – a já referida Igreja dos Clérigos. Nesta linha de reflexão, a equipa de investigação evoca a citação de Álvaro Siza: “Irrompe a torre do Clérigos contra a penumbra quase iluminada do céu, poalha doirada.”

A entrada é livre em todos os eventos, sujeita à lotação dos espaços.

Sobre o projeto “Siza Barroco”

O projeto de investigação “Siza Barroco” é financiado no contexto do concurso para projetos no âmbito da Arquitetura de Álvaro Siza, lançado pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia (SIZA/CPT/0021/2019), e pelo então Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ministério da Cultura, e CEAU-FAUP.

Tem o apoio do Museu Nacional Soares dos Reis, da Fundação de Serralves, da Fundação Calouste Gulbenkian, do CCA – Canadian Centre for Architecture, da Drawing Matter, da Casa da Arquitectura, da Irmandade dos Clérigos e do Conservatório de Música do Porto.

Para além dos Investigadores Responsáveis e da equipa de investigadores do CEAU-FAUP, o projeto conta com a participação de Ana Tostões (Professora Catedrática no IST) e Jorge Figueira (Professor no Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra e Vice-Presidente do Conselho Científico do CES) e tem como consultores científicos, Maria Filomena Molder (Professora Catedrática da FCSH da Universidade Nova de Lisboa e Investigadora do IfILNOVA), Juan José Lahuerta (Professor titular da ETSAB-UPC e director de la Càtedra Gaudí na mesma Universidade) e Juan Luis Trillo (antigo Professor Catedrático da ETSA de Sevilla).