O novo ano letivo arrancou na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) com a adaptação de casas de banho neutras e inclusivas, projetadas para serem acessíveis a todas as pessoas, independentemente de sua identidade de género, mobilidade, idade ou necessidades específicas.

Esta decisão, anunciada durante as celebrações do Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia (17 de maio), partiu de um desafio lançado pela Associação de Estudantes da FPCEUP (AEFPCEUP) de adaptar casas de banho existentes nos pisos de maior movimentação, quer por estudantes quer por pessoas que se deslocam à FPCEUP para participar em eventos ou utilizar os Serviços de Consulta Psicológica.

Segundo o Diretor da FPCEUP, Pedro Nobre, “a nossa Faculdade tem uma história de vanguarda na defesa das pessoas com diversidade sexual e de género”, pelo que “foi com grande satisfação que a Direção acolheu a proposta da Associação de Estudantes e avançou com a adaptação de seis casas de banho inclusivas”.

“Esta medida constitui um marco importante no reconhecimento e integração de todas as pessoas independentemente da sua identidade sexual e de género e uma medida no combate à transfobia no seio da Universidade do Porto”, nota o responsável.

Croqui informativo dos 6 WC clássicos e dos 6 WC inclusivos

“Uma medida pioneira”

Joana Ribeiro, presidente da AEFPCEUP, destaca por sua vez “uma medida pioneira na Universidade do Porto, que nos enche de orgulho e que esperamos que possa ser inspiração no caminho para um meio estudantil cada vez mais inclusivo”.

“Lançamos este desafio por acreditarmos que o contexto académico deve ser um espaço livre e seguro, onde existe o respeito pela diversidade e a integração de todas as pessoas. É uma medida sobre direitos humanos, que permite o respeito pela autonomia, privacidade e autodeterminação. É uma medida sobre identidade, que assegura a intimidade, privacidade e singularidade. É uma medida de promoção de saúde física e mental, pois possibilita que um ato tão simples e basilar como o de ir à casa de banho, não se torne vulnerável para ninguém”, refere a estudante.

Na visão de Conceição Nogueira, presidente do Conselho de Representantes da FPCEUP e especialista em temáticas de género e de quem liderou o grupo de colegas que desenvolveu a proposta de implementação, “a FPCEUP dá agora um passo importante e exemplar ao demonstrar o seu compromisso com a diversidade e a inclusão já que estas casas de banho ajudam a reduzir o estigma associado à identidade de género e à diversidade sexual, contribuindo para a criação de um ambiente de maior conforto emocional e redução de stress em espaços públicos e privados”.

Liliana Rodrigues, investigadora da FPCEUP e especialista em questões trans, lembra que “a investigação internacional mostra que as casas de banho são dos lugares onde estas pessoas referem ser mais discriminadas e até violentadas na sua identidade e expressão de género e por isso reforço a exemplaridade desta medida como instrumento de combate concreto a diferentes formas de discriminação no contexto universitário”.

Com esta iniciativa, a FPCEUP continua a dar passos importantes rumo à promoção da igualdade de género e da inclusão de pessoas trans e não binárias na sua comunidade académica.