Encontrar uma solução para a falta de testes fiáveis de intolerância alimentar no mercado foi o objetivo a que José Duarte Justo, da Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial, e Patrícia Barros da Silva, do Programa Doutoral em Engenharia Biomédica, ambos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), se predispuseram quando iniciaram a sua participação no maior programa de empreendedorismo tecnológico e digital do mundo. Nascia assim o projeto LeGut, eleito uma das “TOP 10 Teams” da European Innovation Academy 2023, que terminou no passado dia 4 de agosto, com uma sessão de encerramento no Palácio da Bolsa, no Porto.
Desenvolvido ao longo de três semanas nas salas da U.Porto, o projeto premiado – e que contou ainda com a participação de estudantes do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), da Texas A&M University (EUA) e da North Greenville University (EUA) – consiste na proposta de um “dispositivo intestinal personalizado para resposta à intolerância local”.
Os jovens empreendedores da FEUP terão agora a oportunidade de participar em sessões de mentoria oferecidas pela iBTIQUAR Innovation Lab. A equipa contará ainda com o apoio da Antler Iberia para “acelerar” a sua ideia rumo ao mercado.
Para além da LeGut, a EIA 2023 premiou outras nove soluções inovadoras em áreas tão diversas como a transição energética, a transição verde ou a saúde.
Entre as “TOP 10 Teams” deste ano inclui-se ainda uma tecnologia para melhorar a segurança na exploração minieira (Canary), um “mercado” para venda de bilhetes nas redes sociais (BoomTickets), um sistema para comunicar a pegada de carbono das empresas (CarbonLX), uma solução à base de inteligência artificial para apoiar os radiologistas nos seus diagnósticos (BreastScreening-AI); uma solução para diminuir o impacto das alterações climáticas na exploração de café (SmartGarden Coffee), uma embalagem reutilizável circular (Re:public), um combustível ecológico à base de plásticos não reciclados (Blastica Solutions), uma ferramenta para ajudar a localizar pessoas que precisam de cuidados médicos urgentes em multidões (Beacon) e uma plataforma que junta jovens empreendedores e especialistas reformados (Wiso).
A medicação certa na hora certa
A EIA 2023 distinguiu ainda três projetos com prémios especiais atribuídos pela Nixon Peabody, um escritório de advogados com sede em Boston e escritórios internacionais em Londres, Hong Kong e Xangai. Entre eles inclui-se o Pillminder, de Ana Rita Gaspar, estudante do Mestrado Química Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP).
Fazendo equipa com estudante da Singapore University of Social Sciences (Singapura), UC Berkeley (EUA), University of Technology of Compiègne (França) e Mount Royal University (Canadá), a estudante da FFUP desenvolveu proposta capaz de “garantir que as pessoas estão a tomar a medicação correta na altura certa”.
A solução premiada com o Nixon Peabody The Ed Quinones Spark Award, no valor de 25.000 dólares, consiste na combinação de um “hardware físico, como um dispensador de medicação físico”, e de uma app, de modo a “dispensar a medicação correta à hora correta”.
À semelhança dos restantes participantes da EIA 2023, os três estudantes da U.Porto premiados garantiram também a oportunidade de apresentar os respetivos perfis individuais às empresas do portefólio da Antler Iberia, bem como um desconto de 50% no acesso a formações oferecidas pelo programa Business2abroad.
Sobre a EIA
Considerado o maior programa de empreendedorismo tecnológico e digital do mundo, a European Innovation Academy (EIA) cumpriu esta ano a sua segunda edição no Porto, cidade onde ficará até 2027.
Iniciada no passado dia 16 de julho, a EIA 2023 contou com a participação de mais de 500 estudantes de 50 universidades de todo mundo, dando-lhes a possibilidade de aprender a criar a sua própria startup com profissionais de referência no universo da inovação e do empreendedorismo. Tudo isto através de um programa intensivo e acelerado de inovação, com a duração de três semanas.
A EIA 2023 foi coorganizada pela Universidade do Porto e pela Câmara Municipal do Porto, na qualidade de anfitriões, tendo como parceiros o Santander Universidades – que disponibilizou 140 bolsas para alunos portugueses participarem no EIA – e ainda a Beta-i, a Galp e a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), a Google, a Universidade de Berkeley, a Universidade de Stanford, entre outros.