Em resultado de um protocolo assinado entre o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto e a Câmara Municipal da Maia, os estudantes que frequentam os anos clínicos do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS foram chamados a voluntariar-se em Zonas de Concentração e Apoio à População (ZCAP), criadas para travar a propagação do novo coronavírus naquele concelho.
Um dos espaços contemplados é o Centro de Acolhimento “Covid Negativo”, em funcionamento desde o dia 9 de abril na Escola EB 2/3 de Gueifães, e com capacidade para acolher até 150 idosos que, apesar de não estarem infetados, não possuem uma retaguarda familiar ou institucional que lhes permita cumprir a quarentena em casa.
O outro é um hotel que, neste período, está a funcionar como um hospital de campanha para idosos infetados com Covid-19, – mas com quadro clínico estabilizado – provenientes de vários lares – Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) – do concelho da Maia.
Os estudantes irão então juntar-se a um corpo de profissionais – médicos e enfermeiros – do Agrupamento de
Centros de Saúde do Grande Porto III (ACES Maia – Valongo), aos quais cabe garantir o funcionamento destas ZCAP.
Na prática, tratam-se de duas estruturas “semelhantes a hospitais de campanha”, que pretendem “servir de retaguarda aos hospitais centrais, apostados em dar resposta aos casos graves e muito graves”, explica o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho.
Estudantes motivados…
Nas palavras de João Mendes da Silva, presidente da Associação de Estudantes do ICBAS, os estudantes estão motivados para ajudar, esperando-se uma “forte adesão”.
“É reconfortante perceber que a direção identifica formas que possibilitem a participação dos alunos na resposta a esta ameaça. A verdade é que como futuros profissionais de saúde sentimos a responsabilidade de contribuir de forma ativa para a solução, portanto será certamente uma iniciativa bastante participada pela comunidade de Biomédicas”, assegura líder da AEICBAS.
Tal como aconteceu no caso do novo “Hospital Porto.”, os estudantes vão associar-se de forma voluntária a este esforço de mitigação dos efeitos produzidos pela pandemia Covid-19, na Maia. Um projeto que Henrique Cyrne Carvalho considera ser “um modelo formativo excecional e diferenciador para a sua formação académica e clínica”.
Para o diretor do ICBAS, todos ficam a ganhar, já que “a participação dos nossos estudantes será muito vantajosa para as unidades de saúde onde vão colaborar, mas também para os próprios estudantes, que, com esta vivência, vão valorizar a sua formação clínica e humanitária, constituindo um património pessoal diferenciador”.
Já António Silva Tiago, presidente da Câmara da Maia, “agradece ao ICBAS o ter reagido tão prontamente ao desafio lançado aos estudantes, nesta fase em que é precisa a ajuda de todos”. Recorde-se que, até à data (10 de abril), já se registam mais de 510 casos de infeção pelo novo coronavírus no concelho maiato.
… e recompensados
Os voluntários terão acesso a uma Bolsa de Reforço Solidário, sendo também assegurada alimentação e despesas de transporte, seguro e equipamento de proteção individual.
A direção do ICBAS quer, também, que “o contributo dos estudantes seja contabilizado para a sua formação, nomeadamente na carga letiva correspondente a estágios clínicos e desenvolvimento de qualificações na prática clínica, sob tutoria da equipa médica e de acordo com as horas de atividade de cada estudante”.