César Casa Nova, Joana Paiva, Diogo Ferreira e Ana Sofia Tavares. São estes os quatro estudantes da Universidade do Porto distinguidos este ano com o Prémio Cidadania Ativa, destinado aos membros da comunidade estudantil que, ao longo do último ano, mais se destacaram no desenvolvimento de atividades extracurriculares de cidadania.
Na vertente Humanitária e/ou Solidária, o distinguido é César Casa Nova, estudante do 3.º ano da licenciatura em Matemática na Faculdade de Ciências (FCUP). César é surdo e tem baixa visão, o que o levou muitas vezes ao isolamento. E para combatê-lo, decidiu, de forma proativa, ensinar aos estudantes e funcionários à sua volta a comunicarem através da Língua Gestual Portuguesa (LGP).
Para além do curso e do trabalho voluntário, o futuro matemático arranja ainda tempo para colaborar em investigações sobre a surdez ou que envolvam a comunidade surda. Neste âmbito, uma das causas pelas quais mais tem lutado prende-se com “o reconhecimento da existência de Surdocegos em Portugal e a possível / futura entrada deles nas escolas Secundárias e Universidades”, bem como “a necessidade de criar condições para a sua Vida Ativa”.
Uma esperança contra o Alzheimer
Joana Paiva é a vencedora do Prémio na vertente de Empreendedorismo. Recentemente doutorada em Física – através do programa MAP-fis, lecionado pelas universidades do Porto, Aveiro e Minho -, Joana vem-se destacando pelo trabalho desenvolvido como cofundadora e CTO da iLOF – Intelligent Lab on Fiber, uma startup nascida no INESC TEC. É ali que vem desenvolvendo uma solução inovadora – baseada em Inteligência Artificial , com potencial para ser usada no diagnóstico e tratamento de várias doenças neurodegenerativas, caso da doença de Alzheimer.
Fundada em 2019 e atualmente incubada na Faculdade de Medicina (FMUP), a iLOF já levantou mais de 2 milhões de euros de investimento. Mais recentemente, Joana Paiva – que é também docente convidada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) – foi um dos sete antigos estudantes e investigadores da U.Porto a integrar o ranking dos 30 melhores talentos europeus com 30 anos ou menos, elaborado pela revista Forbes.
Por um ensino melhor da Medicina
No campo Pedagógico, o premiado deste ano é Diogo Ferreira. A frequentar o 1.º ano do Programa Doutoral em Ciências Cardiovasculares da FMUP, este médico “da casa” tem-se destacado pelas iniciativas que vem dinamizando para melhorar as práticas pedagógicas na faculdade, nomeadamente no domínio da Fisiologia.
Foi neste contexto que Diogo assinou, em 2019, um dos projetos distinguidos no âmbito da terceira edição do concurso “Projetos de Inovação Pedagógica” da U.Porto, que visa a melhoria dos modelos educativos aplicados no ensino e aprendizagem na Universidade.
Em defesa do ambiente
Por fim, o Prémio de Cidadania Ativa na área Desportiva e/ou Ambiental é atribuído esta ano a Ana Sofia Tavares. A frequentar o Mestrado em Toxicologia e Contaminação Ambientais no ICBAS e na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), a estudante vem-se destacando pelo dinamismo e espírito de iniciativa na defesa de várias causas ambientais.
Uma das impulsionadoras do movimento Friday’s for Future em Portugal, Ana Sofia é também uma das fundadoras do movimento Let’s Swap, que promove a troca de roupas como forma de combater o desperdício têxtil e promover a economia circular. Para além disso, colabora com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (no âmbito do programa pré-graduado Blue Young Talent (BYT), onde é monitora em visitas guiadas e desenvolve a temática “Plástico nos Oceanos” com alunos do ensino básico.
Uma festa diferente
Ao contrário do que é habitual, e face às medidas adotadas pela U.Porto ao abrigo do seu Plano de Contingência para a COVID-19,a proclamação pública dos vencedores do Prémio de Cidadania Ativa não terá lugar na Sessão Solene Comemorativa do Dia da Universidade, entretanto cancelada. Em vez disso, será assinalada numa celebração “virtual”, a decorrer no dia 22 de março, em www.up.pt/dia-uporto.