Com um percurso académico dividido entre as universidades de Coimbra, Minho e do Porto, Joana Paiva começou por estudar engenharia biomédica. Mas rapidamente o seu caminho se cruzaria com o universo da fotónica. Ligar as duas áreas e procurar utilizar a fotónica aplicada na biomedicina foi o que a levou, juntamente com três colegas, a fundar a iLoF, uma startup nascida no INESC TEC e incubada na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Na prática, Joana e os restantes investigadores da iLoF criaram um sistema portátil para servir de biblioteca de “impressões digitais” de várias doenças neurodegenerativas. Esta tecnologia permite a realização de testes rápidos e pouco invasivos em doenças como o Parkinson ou tumores cerebrais, usando apenas microlitros de sangue.

A startup foi, no final de 2019, uma das vencedoras de um programa de aceleração do EIT Health, o maior consórcio da área da saúde no Mundo. Recebeu dois milhões de euros para, através da inteligência artificial e da fotónica, combater o Alzheimer.

A partir daí, surgiram uma série de outros prémios (o prémio do Altice International Innovation Awards; Prémio Born from Knowledge, promovido pela Agência Nacional de Inovação; na Letónia, o 1º lugar no Digital Freedom Festival, competição organizada pela aceleradora holandesa Rockstart e também o 1.º Prémio no EIT Jumpstarter, do European Institute of Technology), que, segundo a investigadora, “são um voto de confiança para fazer crescer o iLoF durante os próximos 2 anos”.

Olhando para o futuro, a doença de Alzheimer é o foco de Joana e da sua iLoF. “Queremos ter o nosso dispositivo e algoritmo a ajudar o paciente de Alzheimer a escolher o fármaco mais indicado com a sua fisiologia (o que indica que felizmente a cura já terá sido descoberta entretanto)”, projeta a também professora convidada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) que, a título pessoal, não esconde a vontade de continuar a “saber mais sobre o mundo da Física Médica Aplicada”.

Joana Paiva (ao centro) fundou a iLoF juntamente com Paula Sampaio (i3S/FCUP), Mehak Mumtaz ( Universidade de Oxford, UK) e Luís Valente (INESC TEC). (Foto: DR)

Naturalidade? Santa Maria da Feira

Idade? 28 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Dos meus colegas de investigação e da minha nova equipa de trabalho da iLoF, também recentes membros da U.Porto.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

De alguma burocracia que nos atrasa os trabalhos científicos, de investigação e inovação,

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Devia existir mais espaço com infrastruturas adequadas para incubação de spin-offs na área de medtech.

– Como prefere passar os tempos livres?

A ver séries e ler livros.

Joana Paiva (Foto: DR)

– Um livro preferido?

“A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón.

– Um disco/músico preferido?

Normalmente ouço Indie Rock, não tenho um artista e disco preferido. Também costumo ouvir frequentemente rádio incluindo emissoras como a Antena 3 ou Vodafone FM.

– Um prato preferido? 

Peixinho de Matosinhos :).

– Um filme preferido?

“Expiação” de Joe Wright.

– Uma viagem de sonho?

Japão.

– Um objetivo de vida?

Aprender algo todos os dias com dois tipos de pessoas: alguém mais novo e alguém mais velho e experiente que eu.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Winston Churchill (não por razões políticas, mas pela sua perseverança e espírito de liderança) e, obviamente, Leonardo DaVinci.

– Onde é que a iLof quer estar daqui a 5 anos?

Queremos ter o nosso dispositivo e algoritmo a ajudar o paciente de Alzheimer a escolher o fármaco mais indicado com a sua fisiologia (o que indica que felizmente a cura já terá sido descoberta entretanto).