A Casa-Museu Abel Salazar assinalou esta quinta-feira o Dia Europeu do Património Académico, com a inauguração de uma nova exposição temporária intitulada Clube Recreativo: a Caricatura no percurso académico de Abel Salazar.

Através desta exposição, convida-se os visitantes a partir à descoberta de uma das dimensões menos conhecidas na multifacetada obra do histórico investigador e professor na Universidade do Porto: a caricatura. Trata-se de um conjunto de trabalhos produzidos maioritariamente entre os anos 1910 e 1915, período durante o qual o estudante Abel Salazar (1889-1946) concluio o curso de medicina, na Escola Médico-Cirúrgica e – a partir de 1911 – na Faculdade de Medicina da U.Porto.

São desenhos, a lápis ou a nanquim, que representam os professores de Abel Salazar. Para além de Roberto Frias (1853-1918), estão aqui representados Augusto Henrique de Almeida Brandão (1847-1935), Cândido de Pinho (1853-1919), José Dias de Almeida Júnior (1854-1919), Tiago Augusto de Almeida (1863-1936), Luís de Freitas Viegas (1869-1928) e João Monteiro de Meyra (1881-1913).

Caricatura de Augusto Henrique de Almeida Brandão, por Abel Salazar. (Foto: DR)

Abel Salazar e a Caricatura

Expostas vão estar também as caricaturas do matemático, político e professor da Academia Politécnica do Porto António Pinto de Magalhães Aguiar (1834-1881), do artista e professor da Faculdade de Medicina José Oliveira Lima (1875-1950) e ainda de José Pereira Salgado (1873- 1846), químico, professor e antigo Reitor da U.Porto que, durante o respetivo mandato (1934-1943), assistiu ao afastamento de Abel Salazar da Universidade, em 1935.  Os colegas de curso também não escapavam ao olhar do jovem médico, como foi o caso de Joaquim Graça (1887-1962).

As primeiras caricaturas de Abel Salazar datarão de início do século XX, altura em que estudava no Liceu Central do Porto e retratava colegas e professores. Continuou a fazer caricaturas de condiscípulos, amigos e mestres durante o percurso académico e depois ao longo da vida profissional, nomeadamente em congressos internacionais. Para os desenhos que fez entre 1920 e 1930,  qualquer tipo de papel servia, desde mata-borrão, a um subscrito usado, ou até o verso de um programa.

Em 1934, Abel Salazar teve oportunidade de “conhecer” a referência maior da caricatura mundial: Honoré Daumier (1808-1897). Aquando da sua estadia de seis meses na capital francesa, o médico, artista e cientista portuense pôde visitar duas exposições, uma na Orangerie (de pintura, aguarelas e desenhos) e outra na Bibliothèque Nationale (de litografias, gravuras em madeira e esculturas) e que foram objeto de reflexão na obra “Paris em 1934”. Serão desse tempo as caricaturas de Pereira Salgado.

Com entrada livreClube Recreativo: a Caricatura no percurso académico de Abel Salazar pode ser visitada até ao final do ano, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00; e aos sábados, das 14h30 às 17h30. A exposição encerra aos domingos e feriados.