«Idênticos não são iguais» é o título da exposição que a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) inaugura no próximo dia 26 de março, às 11h00, e que estará patente até ao dia 27 de abril, no Átrio dos Estudantes (piso 01).
Esta iniciativa nasce de mais uma colaboração entre Alexandra Matias, professora da FMUP, ginecologista e obstetra, e a fotógrafa Cláudia Rocha, cujo trabalho nos últimos 10 anos tem tido como foco a procura do sentido individual de Identidade.
O objetivo desta série fotográfica é mostrar gémeos monozigóticos (que partilham a origem num único ovócito) de várias idades e com diferentes personalidades, explorando “a dinâmica entre irmãos e a sua relação ao longo do tempo”, assim como convidando à reflexão sobre o que significa “ser gémeo”.
“Estas fotografias procuram ser a extensão artística e a tradução, em papel, da diferença na dualidade quase igual: o poder da cor a ilustrar a genética; a fotografia de autor a desenhar ciência com arte”, explica Alexandra Matias.
Embora sejam conhecidos como “idênticos”, os gémeos monozigóticos não são iguais, existindo diferenças fenotípicas (características exteriores) e genéticas que resultarão de “uma combinação de influências” que ocorrem nos períodos pré-natal, perinatal e pós-natal.
“É esta combinação complexa e dinâmica de múltiplos fatores que se conjuga para moldar o genótipo (constituição genética) e redefinir o fenótipo (de aparência exterior) dos dois indivíduos: nenhum será jamais uma cópia fiel”, afirma.
Como esclarece a professora da FMUP, “o meio uterino pode ligar e desligar vários genes responsáveis pela variabilidade que finalmente aparecerá entre as duas linhas celulares. Na verdade, os gémeos monozigóticos podem exibir alterações epigenéticas que afetarão o perfil da sua expressão génica. Essas diferenças vão-se tornando maiores e mais evidentes com a idade e o envelhecimento”.
A medicina volta a aliar-se à arte
Esta exposição surge na sequência do lançamento do livro Developmental and Fetal Origins of Differences in Monozygotic Twins, editado por Alexandra Matias e pelo médico israelita Isaac Blickstein, em 2020. Entre 2021 e 2022, Alexandra Matias organizou a exposição “Gémeos monozigóticos: Idênticos, mas nunca iguais“, na FMUP, e coordenou a Semana dos Gémeos: One Event, Two Experiences, na U.Porto.
Alexandra Matias é atualmente Professora Catedrática com Agregação da FMUP e Assistente Graduada de Ginecologia e Obstetrícia no Centro Hospitalar de São João com subespecialidade em Medicina Fetal. Em 2023, foi distinguida com a comenda da International Academy of Perinatal Medicine, que reconheceu o seu contributo internacional na área da Medicina Perinatal.
Cláudia Rocha é fotógrafa, focando-se em retratos e em interiores. Após concluir o curso de Arquitetura, mudou-se para Londres para estudar cinematografia e, desde então, interessa-se em contar as histórias das pessoas.
Entrada livre. Confirmação de presença na inauguração através do preenchimento do formulário.