Depois de cerca de três meses patente no átrio principal do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), a exposição «Um Percurso Pela Diversidade Genética Humana», que conjuga Arte e Ciência, vai poder ser visitada com o acompanhamento de um dos curadores. As visitas-guiadas vão decorrer nos dias 6, 13, 20 e 27 de abril, entre as 16h00 e as 17h30 e a inscrição é gratuita, mas carece de marcação prévia.
Esta exposição, que foi inaugurada a 16 de janeiro e já recebeu mais de mil visitantes e cerca de 700 alunos do secundário em visitas guiadas, recapitula a viagem de Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano, na perspetiva da genética dos povos, sua diversidade e património.
A primeira circum-navegação, entre 1519 e 1522, comandada por Magalhães e terminada por Elcano, foi não só a primeira expedição à volta do mundo, como contribuiu para que se contactasse com uma enorme diversidade de terras, povos e culturas. Tendo esta viagem como linha de referência, esta exposição tenta mostrar a diversidade genética humana, no espaço e no tempo, baseados no conhecimento científico de hoje.
Organizada no decurso do projeto “Ancestry Traveller“, esta exposição leva os visitantes à descoberta da nossa história comum, que é recente, quando considerada na escala da Vida na Terra, mas épica em termos espaciais e temporais.
“Decidimos representar conceitos complexos da genética das populações humanas de forma visual, facilitando a apreensão de que somos mais semelhantes entre nós do que outras espécies de mamíferos”, explica Júlio Borlido Santos, um dos curadores da exposição.
Aliás, sublinha Luísa Pereira, também curadora da exposição e coordenadora do projeto Ancestry Traveller, “só cerca de 0,1% do nosso DNA varia entre indivíduos, o que significa que todos os humanos partilham entre si 99,9% do genoma. A maior diversidade humana encontra-se em África, onde vivemos há 300 mil anos. Os seres humanos que saíram de África fizeram-no em pequenos grupos e muito recentemente, e como tal, a diversidade genética das populações não-africanas que daí resultaram é muito pequena”.
Uma viagem pela história da humanidade
A mostra debruça-se então sobre as duas grandes viagens da humanidade: a primeira representa a expansão do humano moderno (Homo sapiens) por todo o globo e ocorreu há cerca de 70 mil anos com a migração bem-sucedida de um pequeno grupo de humanos modernos para fora de África, que se expandiram pelo imenso território terrestre.
Um dos efeitos genéticos desta «viagem», feita por pequenos grupos fundadores, foi a redução da diversidade genética das populações, quanto mais afastadas estavam da região original (África).
A segunda viagem circunda o vasto “arquipélago” de continentes e foi realizada entre 1519 e 1522 por Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano. Esta viagem foi feita por via marítima, quase sempre pelo hemisfério sul e em direção oposta à expansão humana, iniciada há 70 mil anos, que foi realizada essencialmente por terra. Esta viagem provou serem possíveis as viagens globais por mar.
Os visitantes terão ainda a oportunidade de “visualizar” a imensa informação que compõe o genoma humano e a sua organização em 23 pares de cromossomas que estão no núcleo de cada uma das nossas células (genoma nuclear) e numa pequena molécula de DNA dentro das mitocôndrias (genoma mitocondrial).
A exposição «Um Percurso Pela Diversidade Genética Humana» ficará patente ao público até 30 de abril de 2024. A entrada é livre.