A  arquiteta Inês Vieira Rodrigues, investigadora do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) e doutoranda no Programa de Doutoramento em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), venceu a 18.ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “Viagem às arquiteturas energéticas insulares”.

Este galardão, criado em 2005 em homenagem ao arquiteto Fernando Távora (1923-2005), consiste numa bolsa de viagem no valor de 6.000 euros, destinada à melhor proposta de viagem de investigação selecionada por um júri nomeado todos os anos para o efeito.

Escolhido por unanimidade, o júri reconheceu que o trabalho “Viagem às arquiteturas energéticas insulares” destaca-se “pela acutilância do seu objeto — a produção, transporte e consumo de energia — e pela capacidade de entender a dimensão política, estratégica e social das infraestruturas que lhe dão suporte”.

“Ao convocar a arquitetura para a perceção de obras como geradores eólicos, barragens, centrais geotérmicas e infraestruturas de transporte de energia, a proposta contribuiu para uma outra consciência das ações humanas”, considerou ainda o júri, acrescentando que “a escolha dos Açores e da Islândia como lugares para essa descoberta é particularmente feliz, na medida em que o problema da autossuficiência energética é enfrentado pela raiz e o impacto das obras de arquitetura na paisagem aferido à escala das várias ilhas”.

O resultado da investigação de Inês Vieira Rodrigues será apresentado em abril de 2024, na data de lançamento da 20.ª edição do Prémio Fernando Távora.

A proposta “Viagem às arquiteturas energéticas insulares” vai passar pelos Açores e pela Islândia. Na imagem, a Central Geotérmica do Pico Vermelho na Ilha de São Miguel (Foto: SIARAM)

Sobre Inês Vieira Rodrigues

Natural de Tomar, Inês Vieira Rodrigues concluiu o Mestrado Integrado em Arquitetura da FAUP em 2012, com a dissertação Rabo de Peixe – sociedade e forma urbana, publicada em 2016 pela Editora Caleidoscópio.

Iniciou o  seu percurso profissional nos M-Arquitetos (Ponta Delgada, 2013-2014), seguido do escritório Feld architecture (Paris, 2015). Ainda na capital francesa, integrou a equipa dos DDA architectes (2015-2016) onde trabalhou no restauro e na conservação da Villa E-1027, de Eileen Gray e Jean Badovici; e na manutenção das Unités de Camping, de Le Corbusier (em Roquebrune-Cap-Martin), obras que integram o património francês do século XX. No mesmo escritório, desenvolveu o projeto e o acompanhamento da obra de construção de uma moradia em Meudon, França, distinguida em 2017 com o prémio francês Archinovo. De regresso a Portugal, fez parte da equipa da Summary (Porto, 2017-2020).

Desde 2020, é Bolseira de Investigação para Doutoramento – FCT e investigadora integrada no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU-FAUP), no grupo de investigação Morfologias e Dinâmicas do Território (MDT), onde desenvolve o seu estudo sobre o território dos Açores.

Menções honrosas para a FAUP

Perante a qualidade das propostas, da relevância e atualidade dos seus temas, o júri da 18.ª edição do Prémio Fernando Távora decidiu ainda atribuir duas menções honrosas às propostas “Silêncios loquazes: a cultura por vir”, de Luis Duarte Ferro, investigador do CEAU-FAUP e doutorando da FAUP, e “A presença da Eva. À procura de casas que foram brindes publicitários”, de João Carlos de Almeida e Silva, mestre em Arquitetura e doutorando da FAUP.

A primeira Menção Honrosa foi atribuída à proposta “Silêncios loquazes”, da autoria de Luís Duarte Ferro, que “numa proposta de visita à arquitetura de antigos mosteiros cartusianos, reclama o silêncio como uma condição capaz de gerar formas e modos de agir que nos faltam, na arquitetura e na sociedade contemporânea”. De acordo com a OASRN, a proposta “ao focar em obras de arquitetura singulares, nos dispositivos de silêncio e atenção ao tempo introspetivo de cada um, apresenta-se num contraciclo necessário à emergência e aos ruídos de todos os géneros com que somos constantemente bombardeados”.

A segunda Menção Honrosa foi atribuída à proposta “A presença da Eva”, da autoria de João Carlos de Almeida e Silva, que se propunha visitar as obras construídas entre 1933 e 1971 na sequência do sorteio de Natal da revista de bordados Eva: Jornal da Mulher e do Lar. Como destaca a OASRN, “as casas construídas e o contexto da sua utilização posterior são marcos do potencial da arquitetura”, sendo “a viagem a essa memória um modo de sublinhar a importância da casa e, sobretudo, a capacidade de uma revista popular envolver a arquitetura com toda a sociedade”.

A proposta vencedora da 18.ª edição do Prémio Fernando Távora foi conhecida no dia 3 de outubro, Dia Mundial da Arquitetura, na sede da Ordem dos Arquitetos – Secção Regional Norte. A cerimónia contou ainda com a realização da conferência dos Vencedores da 15.ª edição do Prémio, os arquitetos Margarida Quintã e Luís Ribeiro da Silva, alumni FAUP.

Presidido pelo arquiteto André Tavares, indicado pela OASRN, o júri da presente edição do prémio foi completado por Maria João Seixas, nomeada pela OASRN enquanto figura de relevo cultural externa ao campo disciplinar da Arquitetura, pelos arquitetos José Bernardo Távora, indicado pela Fundação Marques da Silva, e Pedro Baía, nomeado pela Casa da Arquitetura, e Francisco de Tavares e Távora Pereira Coutinho, designado pela família do Arquiteto Fernando Távora.

Sobre o Prémio Fernando Távora

O Prémio Fernando Távora, instituído em 2005, é organizado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos (OASRN) em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Casa da Arquitetura e a Fundação Marques da Silva.

Surge como homenagem ao arquiteto Fernando Távora que, enquanto arquiteto e pedagogo, foi uma influência para sucessivas gerações de arquitetos. Relaciona-se com os hábitos do arquiteto que, durante toda a vida, viajou pelos vários continentes para estudar a arquitetura de todas as épocas. É um prémio anual e nacional destinado a todos os arquitetos inscritos na OA, para a melhor proposta de viagem. O objetivo é incentivar e valorizar a Viagem, enquanto instrumento de formação e de apoio à prática profissional do arquiteto.

Em edições anteriores, venceram o Prémio, entre outros, os antigos estudantes da FAUP Maria Moita (2007),  Paulo Moreira (2011), Sidh Mendiratta (2012), André Tavares (2014), Isa. Clara Neves (2017), Luís Ribeiro da Silva e Margarida Quintã (2019), as investigadoras do CEAU-FAUPSusana Ventura (2013) e Maria Neto (2015).

Em 2018, o prémio foi atribuído pela primeira vez a uma proposta em coautoria, da autoria de um coletivo de arquitetos composto por Filipa de Castro Guerreiro e Carla Garrido de Oliveira, ambas professoras e investigadoras da FAUP e do CEAU-FAUP, e por Pedro Bragança, também ele  investigador do CEAU-FAUP.

Em 2020, o Prémio foi atribuído a Carlos Machado e Moura, investigador do CEAU-FAUP, e Pedro Abranches Vasconcelos, ambos antigos estudantes da FAUP.