O Programa Alimentar Mundial (PAM) da Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de ser distinguido com o Prémio Franz Edelman, o mais importante galardão do mundo na área de análise avançada, pesquisa e otimização de operações e ciências de gestão. Uma conquista que teve o “dedo” do português Sérgio Guedes Silva, antigo estudante da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e membro do Conselho Geral da U.Porto.

“Este é um grande feito e demonstra que quando se trata de utilizar dados e análises, o Programa Alimentar Mundial não é apenas a principal agência humanitária, mas uma agência líder, mesmo quando comparada com o setor privado. Esta foi uma grande oportunidade para mostrar ao mundo o que fazemos, e desperta a atenção de doadores e parceiros através do setor privado e do meio académico”, afirma Sérgio Guedes Silva, que o responsável pela equipa de planeamento estratégico e otimização no departamento operacional da maior organização humanitária do mundo, que tem sido determinante em matéria de inovação, apoio operacional e missões complexas em cenários humanitários difíceis.

Recorde-se que o Programa Alimentar Mundial já tinha sido distinguido com o Prémio Nobel da Paz de 2020. Em comunicado, o Instituto de Pesquisa Operacional e Ciências da Gestão (INFORMS) – promotor do Prémio Franz Edelman – lembra que a organização “ está a salvar e a mudar vidas ao prestar assistência alimentar em situações de emergência e ao trabalhar com as comunidades para melhorar a nutrição e construir resiliência”.

“Tivemos a honra de ser selecionados como um dos finalistas entre as melhores empresas do mundo nesta área, como a Amazon, Alibaba, Lenovo e até o prestigiado centro de investigação do cancro Memorial Sloan Kettering, sucedendo a anteriores vencedores como a IBM, UPS ou Intel”, enfatiza Sérgio Guedes Silva, destacando a importância do projeto “Towards Zero Hunger with Analytic” que sustentou a gestão do Plano Alimentar Mundial e das suas vastas e complexas operações humanitárias. Uma iniciativa que ajudou “a alcançar mais pessoas, responder mais rapidamente em emergências, e realizar poupanças significativas que são utilizadas para melhorar vidas e capacitar as comunidades”.

Sérgio Guedes Silva recebeu o Prémio Franz Edelman em nome da equipa do Programa Alimentar Mundial. (Foto: DR)

Licenciado e mestre em Engenharia Mecânica pela FEUP, e fundador e presidente do G.A.S. Porto – Grupo de Ação Social do Porto, Sérgio Guedes Silva iniciou a sua ligação ao Programa Alimentar Mundial depois de um estágio na secção de logística da sede da instituição em Roma, no âmbito de uma tese de dissertação. Desde então, tem vindo a participar em missões de apoio a crises humanitárias em países como Moçambique, Síria, Sudão do Sul e Etiópia.

No último ano, assumiu também a coordenação de uma equipa multidisciplinar para lidar com a dificuldade acrescida das ações de assistência humanitária que sustentam a resposta aos impactos negativos da Covid-19.

Para além de Sérgio Guedes Silva, os quadros do Programa Mundial Alimentar integram outros dois alumni da FEUP. São eles Luís Anjos, Mestre em Engenharia de Serviços e Gestão, que desenvolveu o seu projeto de dissertação em África, na divisão de logística do PAM, e Joana Vasques, Mestre Engenharia e Gestão Industrial, que desenvolveu o seu projeto de dissertação no Egito, na divisão “Middle-East”, e atualmente a trabalhar na Etiópia.

Sobre o Programa Alimentar Mundial

Fundado em 1961, a partir de uma proposta do presidente norte-americano Dwight Eisenhower feita na Assembleia Geral da ONU em setembro de 1960, o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas é a maior organização humanitária no combate à fome e na promoção da segurança alimentar. Com sede em Roma e dirigida pelo norte-americano David Beasley, o PAM providenciou, só em 2020, assistência alimentar a quase 100 milhões de pessoas em 88 países.

O objetivo global da organização é assim reforçar a paz e a estabilidade, promovendo a segurança alimentar e uma melhor nutrição. Para tal, o PAM está envolvido numa série de projetos, incluindo os que visam reforçar as cadeias de abastecimento alimentar, os mercados locais e a resiliência aos riscos climáticos locais.