O filme “Tio Tomás – A Contabilidade dos Dias”, da realizadora e antiga estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Regina Pessoa, foi distinguido com o prémio de Melhor Curta-Metragem na 47.ª edição dos Annie Awards, equiparados aos “Óscares” no mundo do cinema de animação.
Com produção francesa, portuguesa e canadiana, a “curta” premiada inspira-se na própria infância da realizadora e tem como protagonistas um homem, numa rotina do dia-a-dia do trabalho, e uma menina a quem ensina a desenhar com um pedaço de madeira queimada. “O filme é um tributo ao meu tio Tomás, foi com ele que comecei a aprender a desenhar com carvão da lareira nas paredes da casa da avó, foi uma forma invulgar de começar a crescer mas, de alguma forma, agora estou a fazer filmes animados”, recordou Regina Pessoa, no seu discurso de agradecimento.
“Ele era um homem simples, não era importante para ninguém, mas era importante para mim e queria mostrar isto no meu filme, que não temos de fazer coisas extraordinárias na vida para sermos importantes na vida de alguém”, concluiu.
Regina Pessoa junta assim mais um importante reconhecimento a um currículo recheado de prémios e distinções (ver perfil abaixo). Só com “Tio Tomás, a Contabilidade dos Dias”, que estreou em junho do ano passado, já somou distinções nos prestigiados festivais de cinema de Annecy (França) e Animamundi (Brasil), bem como em Portugal e nos Estados Unidos. O filme esteve ainda entre os 10 finalistas à nomeação para a edição deste ano dos Óscares de Hollywood, na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação.
Os Annie Awards são atribuídos anualmente pela Sociedade Internacional de Cinema de Animação. A edição deste ano premiou o também português Sérgio Martins, distinguido na categoria de Melhor Animação de Personagens em Longa-Metragem, pelo trabalho desenvolvido no filme “Klaus”, do realizador espanhol Sergio Pablos.
Sobre Regina Pessoa
Natural de Coimbra, Regina Pessoa (1969) licenciou-se em Pintura na FBAUP, em 1998. Quatro anos depois, em 1992, inicia-se no cinema de animação no Filmógrafo – Estúdio de Cinema de Animação do Porto, como animadora em vários filmes de Abi Feijó.
A partir de 1996, começa a realizar e animar os seus próprios filmes, incluindo várias curtas-metragens e uma trilogia dedicada ao tema da infância: “A Noite”, “História Trágica Com Final Feliz” e “Kali, o pequeno Vampiro”.
Os seus filmes foram distinguidos com mais de 80 prémios e distinções um pouco por todo o mundo. Entre eles incluem-se o Prémio Especial do Júri e o Prémio para a Melhor Música no prestigiado Festival Internacional de Animação de Annecy, o Grande Prémio do Festival Internacional de Animação do Brasil – Anima Mundi, o Hiroshima Prize 2012, para além de várias nomeações para os Annie Awards e os prémios Cartoon D’Or.
Integra, desde 2018, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.