No passado dia 15 de fevereiro, quase duas centenas de alunos de escolas secundárias da zona Norte acederam ao convite do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) para ouvirem falar de ciência no feminino. Tendo como mote o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência (11 de fevereiro), a iniciativa foi assinalada pela primeira vez no ICBAS com o objetivo de valorizar “o papel fundamental das mulheres na produção de conhecimento científico”.

Neste dia, três investigadoras de diferentes áreas (Rita Barbosa-Matos – biotecnologia molecular e celular, Alexandra Correia – imunologia, e Joana Prata – medicina veterinária) passaram pelo Salão Nobre do ICBA/FFUP para partilharem o seu percurso profissional num debate moderado por Alexandra Moreira, docente do Instituto e líder do grupo de Regulação Genética do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S).

Porque, conforme notou Alexandra Moreira, as mulheres ainda são “uma minoria, por exemplo, em cargos de direção de ciência”, a iniciativa focou-se na partilha de experiências profissionais, mas também na desconstrução de ideias pré-concebidas relativas à participação das mulheres em áreas científicas.

A atual estudante do programa doutoral em Biotecnologia Molecular e Celular Aplicada às Ciências da Saúde, Rita Barbosa-Matos, destacou as experiências internacionais proporcionadas pela carreira de investigação que optou por seguir e a sensação de “empoderamento” que lhe trouxeram. Na sua intervenção defendeu ainda ser “fundamental valorizar as mulheres na investigação para que tenham o direito de atingir o seu máximo potencial”.

O Salão Nobre do ICBAS/FFUP encheu para ouvir os testemunhos das investigadoras Rita Barbosa-Matos, Alexandra Correia e Joana Prata. (Foto: ICBAS)

Também a docente Alexandra Correia confessou ter descoberto “um mundo diferente daquele a que estava habituada” quando ingressou na carreira científica, dada a preponderância do setor masculino, mas destacou a importância “da paridade e das equipas multidisciplinares” que atualmente se verifica na área da investigação. Ainda assim, admitiu a docente de imunologia do ICBAS, “hoje somos muitas mulheres a trabalhar em investigação, mas continua a ser necessário mudar de paradigma”.

Por sua vez, Joana Prata, médica veterinária de formação, e atualmente investigadora nas áreas do ambiente, medicina veterinária e One Health, partilhou com a plateia repleta de jovens a importância da resiliência e determinação na luta pelos objetivos profissionais.

A iniciativa teve a participação de seis escolas da zona Norte, e proporcionou aos estudantes a oportunidade de visitarem alguns espaços do ICBAS.