Os estudantes Diana Cunha, João Carlos Silva, João Ribeiro, Paulo Faria e Sofia Dias, todos eles a frequentar programas de doutoramento na Universidade do Porto, integram o grupo de 18 vencedores da mais recente edição do programa de bolsas R&D@USA, impulsionado pela FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

Este apoio vai permitir aos cinco jovens cientistas realizar um estágio científico de seis meses em instituições académicas e científicas de renome dos Estados Unidos, onde irão complementar a investigação que estão a desenvolver na U.Porto.

Atualmente a desenvolver o seu projeto de doutoramento no Laboratório de Química Aplicada da Faculdade de Farmácia (FFUP), a jovem estudante foi distinguida com um estágio científico, no Departamento de Química do College of Liberal Arts and Sciences na Iowa State University.

Centrado no desenvolvimento de estratégias analíticas para a avaliação de biofármacos, o projeto de Diana Cunha tem como finalidade contribuir para a caracterização e controlo de qualidade dos referidos biofármacos.

Sendo a purificação uma das etapas fundamentais na obtenção deste tipo de fármacos, o foco do estágio nos EUA será, segundo a estudante, o desenvolvimento de estratégias que contribuam para a purificação de anticorpos monoclonais aplicados na terapêutica, utilizando líquidos iónicos e líquidos iónicos magnéticos como soluções mais “verdes” e economicamente mais sustentáveis e rentáveis.

Os quatro meses de estágio em Iowa, nos EUA, serão, para Diana Cunha, a “validação da relevância” do seu trabalho, mas também “um meio de fornecer novas perspetivas e conhecimento” ao grupo de investigação do qual faz parte na FFUP.

Diana Cunha encara o estágio nos EUA como uma oportunidade de validação e de enriquecimento do seu trabalho. (Foto: DR)

Inovar contra o cancro

Dos laboratórios do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S) para será, por sua vez, o caminho a percorrer por Paulo Faria e Sofia Dias, ambos estudantes do Programa Doutoral em Ciências Biomédicas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e a desenvolverem os respetivos projetos de investigação no grupo do i3S «Nanomedicines & Translational Drug Delivery», liderado por Bruno Sarmento.

O foco do trabalho de Paulo Faria é o “desenvolvimento de uma terapia mais eficaz para o tratamento de glioblastoma, o cancro mais comum e mais agressivo do cérebro, através da produção de uma «nanovacina» com potencial quimio- e imunoterapêutico, que será administrada localmente para aumentar a eficácia terapêutica e reduzir efeitos secundários indesejáveis”.

O objetivo final, adianta o estudante do programa doutoral do ICBAS, é “obter um tratamento que seja mais eficaz e seguro em comparação ao que existe atualmente na clínica, e educar o sistema imunitário do próprio paciente para reconhecer e eliminar células tumorais que possam surgir no futuro, evitando assim a recorrência do glioblastoma, cuja frequência é bastante elevada”.

A bolsa atribuída pela FLUP vai permitir a Paulo Faria integrar o grupo do investigador Mansoor M. Amiji, do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Northeastern University, em Boston. Ali, Paulo Faria irá otimizar a «nanovacina» e “avaliar a sua eficácia e segurança em modelos pré-clínicos da doença para determinar o seu potencial terapêutico”.

Esta oportunidade, sublinha o investigador, “irá beneficiar-me bastante em termos científicos pois irei integrar um grupo que é referência na minha área de estudo, assim como uma cidade e um país onde ciência é um dos grandes pilares da sociedade e o avanço científico é estimulado e celebrado”.

Paulo Faria e Sofia Dias vão ter a oportunidade de realizar os seus estágios na Northeastern University, em Boston, e na University of Pennsylvania. (Foto: i3S)

Sofia Dias, por seu lado, está de malas feitas para o Departamento de Bioengenharia da University of Pennsylvania, onde se juntará ao grupo do cientista Michael J. Mitchell, do Departamento de Bioengenharia da University of Pennsylvania. Ali, vai continuar a “desenvolver modelos 3D celulares de cancro colorretal, como plataformas mais representativas desta doença, e explorar o campo da nanomedicina aplicável ao tratamento da patologia, para validação destes modelos”.

O objetivo, explica, é aplicar estes modelos durante o processo de desenvolvimento de novos fármacos, para “avaliar o seu potencial efeito terapêutico numa fase pré-clínica e, desta forma, tornar o processo de desenvolvimento de novas terapias mais célere e menos dispendioso”.

Para a jovem investigadora, esta oportunidade de fazer um estágio de seis meses nos Estados Unidos “é fundamental para explorar um novo ambiente científico e o conhecimento na minha área de estudos, com recurso a técnicas inovadoras e experts da área”.

“Esta experiência irá impulsionar os meus objetivos académicos, mas também reforçar o meu progresso pessoal”, conclui.

Entre os bolseiros da FLAD para o primeiro semestre de 2024 destaca-se também João Carlos e Silva, estudante do Programa de Doutoramento em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP). A desenvolver atualmente o seu projeto no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da FAUP (CEAU/FAUP), o arquiteto portuense vai fazer o seu estágio no Departamento de Arquitetura da Princeton University.

O igualmente prestigiado MIT – Massachusetts Institute of Technology será, por sua vez, o destino de João Ribeiro, estudante do Programa Doutoral em Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia (FEUP) e jovem investigador do INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial.

Note-se que, dos cinco estudantes distinguidos pela FLAD, três – Diana Cunha, Paulo Faria e Sofia Dias – já tinham sido distinguidos com a edição 2023-24 das Bolsas Fulbright Portugal, uma iniciativa que, à semelhança das bolsas R&D@USA da FLAD, visa apoiar o trabalho de jovens investigadores portugueses de eleição, dando-lhes a oportunidade de desenvolver os seus trabalhos de investigação nalgumas das mais prestigiadas instituições científicas norte-americanas.