Conhece o galo de Barcelos original? Qual o papel dos estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto na descoberta da arte popular? Durante os próximos meses, as respostas serão dadas nas quatro visitas guiadas que Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez vão conduzir – ao sábado, uma vez por mês, até ao dia 2 de março – à exposição Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística, patente nas Galerias da Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.

Os dois arquitetos e antigos professores da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FCUP) começaram a colecionar estas peças quando eram ainda estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto, precursora da Faculdade de Belas Artes da U.Porto. Foi com o professor António Quadros (1933-1994) que descobriram a barrista minhota Rosa Ramalho (1888-1977).

Este encontro entre professores, estudantes e barristas barcelenses chamou a atenção para uma expressão da arte popular que era pouco valorizada e impactou a produção artística de figurado local. A obra de Rosa Ramalho assumiu projeção nacional e em 1964 a artista recebe a medalha Artes ao serviço da Nação, na Feira de Artesanato de Cascais.

Do Alto Minho a Trás-os-Montes e ao Alentejo, num país pobre, os estudantes encontraram a beleza de uma autenticidade sem retoques, em contraste absoluto com a realidade inventada pelo Estado Novo. Para além da produção em série, ao percorrerem as barracas de feiras, Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez descobriram peças produzidas manualmente, reconhecendo a existência de objetos de arte que convidavam à contemplação.

É desse “trabalho” de uma vida que nasce boa parte de “Bonecos de Barcelos – Identidade, Tradição e Criação Artística”, exposição que reúne mais de 190 peças provenientes do acervo do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) e das coleções e doações dois dois arquitetos, cobrindo um um arco temporal de cinco décadas (1930-1970) A exposição vai ficar patente até 2 de março de 2024.

As visitas vão acontecer nos dias 16 dezembro, 6 janeiro, 17 fevereiro e 2 março, data em que se assinala também o encerramento da exposição. A participação é gratuita, mediante inscrição obrigatória (até um limite de 25 pessoas por visita).