É um prémio internacional de prestígio e foi recentemente atribuído no centro de investigação da Air Liquide, próximo de Versailles. Luís Miguel Madeira, investigador e coordenador científico do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE/ALiCE), sediado na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), foi distinguido com um prémio de 50 mil euros no âmbito da 3.ª edição do Scientific Challenge da Air Liquide, destinado a soluções inovadoras para a descarbonização dos ecossistemas industriais.

As energias renováveis são intermitentes por natureza. Para garantir a sua adoção generalizada e contribuir para a descarbonização do sector energético (entre outros), é essencial desenvolver novas formas de armazenamento e reutilização de energia, utilizando pequenas moléculas essenciais.

O projeto de Luís Miguel Madeira centra-se no desenvolvimento de uma nova tecnologia baseada num sistema cíclico inovador, para produzir metano (CH4) como vetor energético, a partir de CO2 capturado pela indústria e hidrogénio (H2) renovável.

Relativamente ao financiamento atribuído pela Air Liquide, o docente e investigador do Departamento de Engenharia Química da FEUP confessa que “é um reconhecimento internacional de grande prestígio e de que muito nos orgulhamos, pelo trabalho e investigação desenvolvidos”.

Com a atribuição do prémio vem também a possibilidade de desenvolver, juntamente com a Air Liquide, um projeto nos próximos três/quatro anos para o desenvolvimento desta tecnologia. A equipa é constituída por Miguel Soria, Cláudio Rocha e Joana Martins (entre outros colegas da FEUP) e terá acesso a uma linha de financiamento patrocinada integralmente pela multinacional francesa (cujo volume anual de vendas é da ordem dos 30 mil milhões de euros e o universo de trabalhadores ronda os 70 mil).

Inovar em nome da descarbonização dos ecossistemas industriais

Esta 3.ª edição do Scientific Challenge da Air Liquide teve como objetivo identificar e acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras para a descarbonização dos ecossistemas industriais, numa abordagem de inovação aberta. Os projetos dos laureados receberão financiamento da Air Liquide para desenvolver as soluções propostas e transformá-las em tecnologias prontas para o mercado.

Além do investigador da FEUP, a Air Liquide selecionou mais dois projetos (nos três tópicos a concurso) de um universo de 119 propostas, oriundas de 29 países: Can Li, da Davidson School of Chemical Engineering, Purdue University, nos EUA, pelo projeto de “partilha de dados para a descarbonização”; e Enrico Tronconi, do Politécnico de Milão, pelo projeto de aquecimento elétrico para a produção de hidrogénio (H2).

Do júri do Prémio faziam parte individualidades como Jérôme Christin (Vice-President for Research & Development da Air Liquide), Steven Chu (professor na Universidade de Stanford /EUA, Nobel da Física em 1997 e antigo Secretário norte-americano para a Energia), entre outras.