É um trabalho que resulta de um girar espontâneo de câmara. O documentário Gurué – Na Praça da Independência, de Isabel Galhano Rodrigues, vai ser exibido, no próximo dia 22 de junho, pelas 18h00, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, numa sessão aberta a toda a comunidade.

Prepare-se para um festim de formas e cores. Servem para segurar os filhos nas costas, vestir os corpos das mulheres, mas também dos homens. Falamos de uma tradição que dá cor a Moçambique: as capulanas, claro está. A própria realizadora, que é também docente da Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP), foi surpreendida por esta sucessão de cores, sons e movimento.

O documentário de Isabel Galhano Rodrigues capta diferentes fragmentos da vida da cidade de Gurué, nomeadamente, de momentos comunitários de celebração, mas não só. A cidade de Gurué, província da Zambézia, fica na região centro de Moçambique. Situada nas encostas dos Montes Namuli, é nesta zona que se encontram das maiores plantações de chá do país.

Gurué- Na Praça da Independência (2013), de Isabel Galhano Rodrigues. (Foto: DR)

O documentário apresenta uma sequência cronologicamente alinhada e editada e que nos traça uma narrativa de quatro festejos: o Dia da Independência, o Dia da Paz, o dia da abertura da Semana do Professor e a Festa da Música na Casa da Cultura da cidade.

“São quatro dias de festa, com música, vestimentas e encenações próprias, marcadas por um elemento comum: todos “e” juntos sobem e descem as ruas principais do Gurué, para irem colocar uma coroa de flores na Praça da Independência”, conta a sinopse do documentário. Estas celebrações decorreram entre os meses de setembro e novembro de 2013.

Após a projeção do filme seguir-se-á uma mesa redonda com a participação do público. Um dos convidados é o antropólogo José Pimentel Teixeira, antigo professor na Universidade de Eduardo Mondlane (Maputo), que já desempenhou funções como adido cultural na embaixada de Portugal em Maputo.

Presente estará também Nazir Ahmed Can – professor no Departamento de Tradução e Interpretação e Estudos da Ásia Oriental da Universidade Autônoma de Barcelona, onde é Vice-Decano da Faculdade de Tradução e Interpretação. Dedica-se sobretudo à investigação no campo das literaturas africanas, área em que tem vindo a publicar grande parte das suas obras.

Sobre Isabel Maria Galhano Rodrigues

Doutorada em Linguística Geral pela FLUP, Isabel Maria Galhano Rodrigues é docente no Departamento de Estudos Germanísticos, membro do Centro de Linguística e associada do Centro de Estudos Africanos da FLUP.

O seu percurso de investigação partiu da análise dos elementos linguísticos da oralidade, passando mais tarde ao estudo dos gestos coverbais. Dedica-se à relação entre a fala e as modalidades corporais na interação face a face, em abordagens de natureza etnográfica e cognitiva.

Como realizadora, tem vindo a fazer o registo, em formato de vídeo, de variedades da língua portuguesa, tanto da europeia como de africanas.