O jornal Expresso e a Caixa Geral de Depósitos anunciaram, esta quinta-feira, a atribuição do prestigiado Prémio Pessoa 2022 ao médico e poeta João Luís Barreto Guimarães, Professor Auxiliar convidado do Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto.
O anúncio decorreu numa conferência de imprensa realizada no Palácio de Seteais, em Sintra. Na ocasião, o júri destacou a “voz inconfundível” do poeta e professor portuense, vincando o papel que este vem desempenhando na poesia portuguesa contemporânea “desde 1989, aquando da publicação do seu primeiro livro, aos 22 anos”.
Os jurados salientaram ainda a obra de João Luís Barreto Guimarães como “um testemunho de um tempo, o de agora, e de um tempo antigo, clássico, universal, reconhecível pela inteligência e a emoção”.
O vencedor do Prémio Pessoa 2022 confessa, por sua vez, que a a primeira reação ao tomar conhecimento da distinção foi de ficar “cinco minutos sem dizer nada”.
Revelando-se “satisfeito e grato pelo peso da responsabilidade” de ver a sua obra ficar ligada à Obra do Fernando Pessoa, refere ainda que “tem noção de que é um prémio importante quer pela composição dos elementos do júri, quer pelos galardoados das edições anteriores que representam a literatura portuguesa”.
Entre a medicina e a poesia
Natural do Porto, cidade onde nasceu a 3 de junho de 1967, João Luís Barreto Guimarães, 55 anos, é licenciado em Medicina do ICBAS, faculdade que frequentou entre 1985 e 1991. Atualmente, é médico-cirurgião plástico no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
A nível literário, é autor de 12 livros de poesia publicados em várias línguas, os primeiros sete reunidos em Poesia Reunida (Quetzal, 2011). Seguiram-se: Você está Aqui (Quetzal, 2013); Mediterrâneo (Quetzal, 2016), vencedor do Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, em 2017, e do Willow Run Poetry Book Award 2020; e Nómada (Quetzal, 2018), ao qual foram atribuídos o Prémio Livro de Poesia do Ano Bertrand e o Prémio Literário Armando da Silva Carvalho.
As suas obras mais recentes incluem O Tempo Avança por Sílabas (2019) e Movimento (Quetzal, 2020), livro com que viria a conquistar o Grande Prémio de Literatura dst e que, segundo o Expresso, “motivou, agora, a atenção do júri do Prémio Pessoa”.
João Luís Barreto Guimarães leciona, desde 2021, a inovadora Unidade Curricular de Introdução à Poesia e Medicina – Reflexões para uma abordagem interdisciplinar, integrada no plano de estudos do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS.
Sobre o Prémio PESSOA
No valor de 60 mil euros, o Prémio Pessoa é uma iniciativa do jornal Expresso, que conta com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos. Lançado em 1987, é considerado o maior galardão atribuído a uma personalidade portuguesa, cuja obra tenha alcançado, nesse mesmo ano, particular destaque nos campos da Arte, Cultura, Literatura, Ciências ou Arquitetura.
O júri desta 36.ª edição foi composto por Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques, com Francisco Pinto Balsemão a presidir e Paulo Macedo enquanto vice-presidente.
Nos últimos três anos, o Prémio Pessoa distinguiu o encenador Tiago Rodrigues, a cientista Elvira Fortunato (atual ministra da Ciência e Tecnologia) e o presidente da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha. Entre os vencedores das anteriores edições destaca-se ainda o nome do patologista Manuel Sobrinho Simões, Professor Emérito da U.Porto e fundador e diretor do Ipatimup, distinguido em 2002 pelo seu trabalho de investigação na área do cancro.