O Prémio Grünenthal Dor 2021, na vertente de investigação básica, foi atribuído à cientista Mónica Sousa, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) por um artigo publicado na revista Brain, no qual identifica o local exato nos neurónios sensoriais que causa dor neuropática. Uma descoberta que abre caminho ao desenvolvimento de tratamentos e analgésicos mais eficazes para controlar a dor crónica.
No trabalho agora premiado, intitulado “Sensory Neurons Have An Axon Initial Segment That Initiates Spontaneous Activity In Neuropathic Pain”, a equipa liderada por Mónica Sousa identificou um novo compartimento celular nos neurónios dos Gânglios da Raiz Dorsal, denominado Segmento Inicial do Axónio, que induz o impulso nervoso responsável pela sensação desagradável de dor, aquilo a que os clínicos chamam de Atividade Espontânea.
Para desenvolver este trabalho, a equipa do grupo de investigação «Nerve Regeneration», liderado pela investigadora do i3S, recorreu a ratinhos geneticamente manipulados onde o compartimento Segmento Inicial do Axónio não existe, e verificou que os neurónios destes ratinhos não tinham capacidade de gerar Atividade Espontânea. Ou seja, quando os investigadores avaliaram a sensação de dor por estímulos, estes animais não conseguiram sentir dor.
Para Mónica Sousa, “estas descobertas são extremamente importantes para uma melhor compreensão da função dos neurónios dos Gânglios da Raiz Dorsal na saúde e na dor crónica”. Na verdade, acrescenta, “o conhecimento do local subcelular que está na origem do impulso de dor vai facilitar o desenvolvimento de analgésicos eficazes e precisos, e de novas terapias, para o controlo da dor crónica”.
O próximo passo, explica a investigadora, será perceber quais são as pulsões fisiológicas desta região e se este compartimento pode ser suscetível de manipulação que ajude a controlar os fenómenos de dor neuropática.
Sobre o Prémio Grünenthal DOR
O Prémio Grünenthal DOR é um prémio anual (no valor de 7.500 euros), criado pela Fundação Grünenthal, e tem como objetivo premiar trabalhos em língua portuguesa ou inglesa, da autoria de médicos ou outros profissionais de saúde, sobre temas de investigação básica ou clínica relacionados com a dor e que tenham sido realizados em Portugal.
O júri deste prémio é composto por sete elementos: um representante da Fundação Grünenthal e um elemento da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (SPMFR) e da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).