Foi em clima de festa que a Universidade do Porto celebrou esta terça-feira o seu 111.ª aniversário, uma efeméride capicua que se prestou a balanços e projeções.
No tradicional discurso de encerramento da Sessão Solene do Dia da Universidade, o Reitor da U.Porto fez um balanço dos quatro anos do mandato que está prestes a terminar, destacando as “múltiplas conquistas e realizações” da Universidade, apesar do “contexto francamente adverso” da crise sanitária.
A este propósito, António de Sousa Pereira sublinhou, desde logo, a ajuda prestada no combate à pandemia de Covid-19, sem esquecer o esforço feito para manter as atividades letivas e não letivas durante os confinamentos, com recurso ao ensino e trabalho remotos.
“Creio poder dizer, sem hesitação, que a Universidade saiu reforçada deste processo [de superação dos efeitos da pandemia]”, garantiu.
Perante uma plateia composta pelos líderes das principais instituições da cidade e da região e pelo corpo de professores doutorados da U.Porto, António de Sousa Pereira elencou depois os avanços protagonizadas pela Universidade em diferentes domínios: na interdisciplinaridade curricular, na internacionalização (quer no âmbito da EUGLOH, quer através de projetos Erasmus+), na produção científica (em particular os novos Laboratórios Associados), na relação com as empresas (destacou os projetos de inovação com a Bosch), na requalificação do campus (obras em unidades orgânicas e espaços museológicos), na programação cultural (trabalho desenvolvido pela Casa Comum) e na promoção de estilos de vida saudáveis (desporto, saúde, alimentação e ambiente).
“Continuámos a cumprir a nossa missão institucional, atingimos os objetivos programáticos – e, na verdade, ultrapassámo-los, identificando novos objetivos e áreas de atuação”, assegurou o Reitor.
Quase 50 milhões para investir no alojamento estudantil
Em destaque na intervenção de António de Sousa Pereira esteve também o combate ao “grave problema da falta de alojamento estudantil” na cidade. Uma área que a Universidade pretende reforçar através de um plano ambicioso que prevê a abertura de 700 novas camas para estudantes, por via do lançamento de novos projetos residenciais e da “melhoria das condições de habitabilidade das residências estudantis” existentes.
“Para uma resposta a médio e longo prazo, apresentámos manifestações de interesse no âmbito do PRR [Plano de Resiliência e de Recuperação) para a construção de três novas residências, que representam cerca de 400 novas camas e a renovação de quatro já existentes”, anunciou o Reitor.
A estas acrescentam ainda os projetos, em parceria com o Município do Porto, “para a construção de residências no Quartel do Monte Pedral e no Morro da Sé – cerca de 400 camas – e um projeto inovador em que colaboraremos com a FAP e com a câmara para a instalação de uma residência adicional no antigo Centro Social da Sé, a ser gerida pela FAP, em instalações cedidas pela autarquias”.
No seu conjunto, “estes empreendimentos exigem um investimento de quase 45 milhões de euros, esperando-se que o PRR possa financiar cerca de dois terços”, anunciou o Reitor.
Entre os projetos já concluídos ou em curso inclui-se ainda “a requalificação das residências Alberto Amaral, Novais Barbosa, Campo Alegre I, Jayme Rios de Sousa e Ciências, num valor global de 3 milhões de euros”.
De olho na Europa e uma “oportunidade única”
Sobre o futuro da Universidade, o Reitor destacou as oportunidades abertas pela “nova geração de fundos europeus”, sem ignorar as dificuldades que podem advir da guerra na Ucrânia.
Para António de Sousa Pereira, a U.Porto deve assumir “um papel de relevo na transformação económica e social do país”, com vista à “adoção de um modelo de desenvolvimento mais inteligente, sustentável e inclusivo”. Nesse sentido, lembrou que “temos de ajudar o país a prosseguir a convergência europeia” e “contribuir para a construção de uma UE mais competitiva ao nível da produção científica, inovação empresarial e disrupção tecnológica”.
O crescimento da U.Porto, diz António de Sousa Pereira, passa pelo projeto Innovation District, que permitirá a criação de um ecossistema de ensino, investigação e inovação de excelência nos antigos terrenos da refinaria da Galp, em Leça da Palmeira.
“É uma oportunidade única de desenvolvimento e projeção internacional da Universidade, que duplicará a sua área de implantação dos atuais 50 para 90 hectares”, antevê o Reitor.
“Trazer os afetos para a sala de aula”
Antes de António de Sousa Pereira, foram várias as figuras ligadas à Universidade que passaram pelo púlpito do Salão Nobre da Reitoria. Foi o caso – ainda que à distância – oradora convidada da cerimónia, Ana Luísa Amaral, que apresentou a oração de sapiência intitulada “Da publicação à alma humana”.
Numa intervenção transmitida em vídeo, a escritora lembrou que a principal função das universidades é “ensinar a pensar”. Para tanto, devem investir na “transculturalidade”, pois “um poema alarga os horizontes dos estudantes de ciências como a física quântica alarga os horizontes dos estudantes de humanidades”.
Mas importa também ajudar a “pensar e sentir os outros”, “trazendo os afetos para a sala de aula”, acrescentou a antiga docente e investigadora da Faculdade de Letras da U.Porto.
Na abertura a sessão, o Presidente do Conselho Geral, Fernando Freire de Sousa, considerou a U.Porto uma “fonte de orgulho” e exortou-a a ser ainda mais dinâmica na área da inovação, “alfa e ómega da mudança” estrutural do país.
Já o Presidente do Conselho de Curadores, Luís Braga da Cruz, enumerou vários avanços da Universidade sob o ponto de vista do órgão a que preside, designadamente ao nível da coesão interna e imagem externa, da consolidação das contas do grupo e do envolvimento em projetos de I&D.
A Presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, como representante dos estudantes, e a mais antiga funcionária da Universidade, Maria de Lourdes Zilhão, como representante dos trabalhadores, também intervieram na cerimónia. A primeira fez um discurso mais político, defendendo a reavaliação do regime jurídico das instituições de ensino superior; a segunda recuou ao passado para lembrar como a Universidade evoluiu nas últimas décadas, em vários domínios.
Dar palco ao mérito
A Sessão Solene do Dia da Universidade 2022 foi também o momento para celebrar o méritos dos membros da comunidade que mais se destacaram no último ano em diferentes vertentes.
Dos Prémios Incentivo, entregues aos melhores estudantes de primeiro ano de licenciaturas e mestrados integrados, ao Prémio Excelência Pedagógica, galardão que distingue as melhores práticas educativas de docentes da casa, passando pelo Prémio Excelência na Investigação Científica, ou pelo Prémio Cidadania Ativa, a U.Porto reconheceu, mais uma vez, os melhores entre os melhores.
Ponto alto da cerimónia foi também a proclamação das duas novas Professoras Eméritas, reconhecimento reservado a professores jubilados e reformados que se destacaram pelos seus altos serviços prestados à U.Porto.
Recorde aqui todos os momentos da Sessão Solene do Dia da Universidade 2022.