Uma futura farmacêutica “com um sorriso e espírito positivo”, uma médica que está a tratar da saúde à Cultura e uma médica veterinária comprometida com a defesa do ambiente. São estes os perfis das três vencedoras do Prémio Cidadania Ativa 2022, entregue esta terça-feira, dia 22 de março, durante a sessão solene do Dia da Universidade do Porto 2022.

Na vertente Humanitária ou Solidária, o prémio foi atribuído a Catarina Moreira, estudante do 5.º ano do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia (FFUP) e atual presidente da Cura +, uma associação criada por estudantes da FFUP e que tem como missão aumentar a literacia em Saúde da população.

Mobilizando um total de 195 voluntários, a associação Cura+ tem-se destacado no desenvolvimento de projetos direcionados para o apoio a pessoas com doenças crónicas no acesso a medicação sujeita a receita médica (“Porto com + Saúde), a promoção do uso responsável dos medicamentos entre a população mais idosa (“Polimedicação + Segura”) e a prevenção e adoção de estilos de vida saudáveis entre jovens e crianças (Geração Saudável).

Voluntária desde que o primeiro ano do curso, Catarina Moreira destacou-se pelo trabalho desenvolvido, ao longo do último ano, como Vice-Presidente para as Relações Internas da Cura +. Foi nesse papel que ajudou a expandir o projeto “Polimedicação +Segura” para Coimbra, através do estabelecimento de parcerias com instituições daquela cidade.

“Este prémio é particularmente especial por dizer respeito a uma altura em que toda a equipa abraçou a missão com tanta garra que, mesmo à distância, foi capaz de expandir o projeto . Como em todos os grandes desafios, há dias bons e menos bons; vamos ganhando pequenas batalhas e perdendo outras. Mas, estou convencida de que terá sido um certo amor desmedido pela missão que tornou possível termos estudantes, tanto da FFUP como da FFUC, a dar o seu melhor à pessoa a seu lado”, destaca a futura farmacêutica.

Catarina Moreira assumiu no passado mês de outubro a presidência da Associação Cura+ (Foto: DR)

Para Catarina Moreira, a conquista do Prémio Cidadania Ativa é “mais do que uma vitória pessoal. No fim de contas, esta vitória não é apenas fruto do trabalho que tenho desenvolvido na Associação, mas também dos colegas que, ao longo deste percurso, se têm dedicado a esta missão. (…) Portanto, receber este prémio faz-me sentir que, de algum modo, inspirei a equipa a continuar a lutar pelos projetos da Cura+ e, isso, deixa-me de coração cheio”, remata.

Levar Saúde à Cultura

No campo do Empreendedorismo, o Prémio Cidadania 2022 foi atribuído a Ana Zão, mestre em Medicina e estudante do programa doutoral em Investigação Clinica e em Serviços de Saúde da FMUP, pelos projetos pioneiros que vem desenvolvendo na área da Medicina das Artes Performativas.

Médica especialista em Medicina Física e de Reabilitação com competência em Medicina da Dor e especialização em Medicina das Artes Performativas, Ana Zão fundou, em 2020, o Centro Internacional de Medicina das Artes – o primeiro Centro em Portugal dedicado à abordagem dos problemas de saúde dos músicos, bailarinos e outros artistas de performance.

Como coordenadora deste programa, tem contribuído para o crescimento e afirmação da Medicina das Artes Performativas através do desenvolvimento de programas de promoção da saúde do artista e programas de tratamento inovadores.

Ana Zão criou e coordena o primeiro Centro dedicado à Medicina das Artes Performativas em Portugal (Foto: DR)

Do trabalho de investigação desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento, resultou também o estabelecimento de colaborações com várias instituições internacionais dedicadas a esta área, incluindo o prestigiado Institute of Music Physiology and Musicians Medicine (Hannover, Alemanha). Para além disso, tem desenvolvido inúmeras ações de formação no domínio da Literacia em Saúde do Artista, dirigidas tanto a artistas como a profissionais de saúde.

O percurso de Ana Zão já tinha sido distinguido, no ano passado, com o Alice G. Brandfonbrener Young Investigator Award 2021, um galardão atribuído anualmente pela Performing Arts Medicine Association (PAMA) a um/a investigador/a que se destaque na área da Medicina da Artes Performativas a nível mundial.

Já o Prémio Cidadania Ativa “representa o reconhecimento pelo trabalho que tenho vindo a desenvolver e reforça a motivação para continuar a contribuir para o enriquecimento clínico e científico nesta área tão carenciada em Portugal”, diz.

      Por um futuro mais verde

      Por fim, o Prémio de Cidadania Ativa na área da Defesa do Ambiente foi atribuído esta ano a Sandra Duarte Cardoso, estudante do doutoramento em Ciências Veterinárias do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e um nome (re)conhecido na defesa e proteção dos animais.

      Sandra Duarte Cardoso é diretora clínica da Clínica Veterinária SOS Animal e presidente da ONGA SOS Animal, associação que fundou em 2007. Mais recentemente, vimo-la aos comandos do À Descoberta Com…, um programa da SIC que visa promover a conservação ambiental e a proteção da biodiversidade do planeta. Em cada episódio, a estudante e médica veterinária junta-se a um convidado / figura pública para mostrar como o turismo sustentável pode afetar positivamente o equilíbrio de ecossistemas. 

      Em 2021, Sandra rumou ao Quénia para filmar as duas últimas rinocerontes brancas do norte – —mãe e filha – existentes no mundo. Desse trabalho, realizado sem qualquer financiamento estatal, apoio de marcas ou mecenas, nasceu Saudade, um filme em que procura alertar para a extinção das espécies e a perda da biodiversidade.

      Em Saudade , Sandra Duarte Cardoso alerta para o impacto humano na extinção dos rinocerontes, o mamífero mais ameaçado do planeta (Foto: DR)

      Desde o seu lançamento, Saudade já conquistou inúmeros prémios internacionais, incluindo o galardão de Melhor Curta-Metragem no SDGs in Action Film Festival 2021 EUA), e uma menção honrosa no Norgs International Independent Festival 2021 (Irão).

      É a esse currículo que Sandra Duarte Cardoso junta agora o Prémio Cidadania Ativa. “É uma enorme honra o reconhecimento pelo trabalho que desenvolvo na defesa da natureza por parte da Universidade do Porto. No entanto, a meu ver, a maior relevância deste prémio é o facto de a defesa e proteção da natureza encontrar aliados e estímulos nas diversas vertentes da sociedade, nomeadamente nas universidades portuguesas”, defende.

      Para a estudante, “há um caminho enorme ainda por realizar neste âmbito, mas eu acredito que o futuro seja verde e que cada um de nós caminhe para a obtenção da consciência necessária para salvar o único ecossistema viável para a sobrevivência humana. Que o meu trabalho possa ser um veiculo da mudança tão necessária”.

      Sobre o Prémio Cidadania Ativa

      Atribuído pela primeira vez em 2012, o Prémio Cidadania Ativa é entregue anualmente aos estudantes da U.Porto que, ao longo do último ano, mais se destacaram no desenvolvimento de atividades extracurriculares de cidadania.

      Para além de um diploma individual comprovativo do Prémio, cada vencedora vai ainda receber uma menção no suplemento ao diploma, bem como um prémio monetário de 1000 euros.