A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) acaba de publicar  os resultados provisórios do mais recente Concurso para atribuição de Estatuto de Laboratório Associado (LA). Das 40 candidaturas aprovadas, 17 contam com a participação da Universidade do Porto e, destas, 10 são encabeçadas por instituições sediadas na U.Porto.

Os Laboratórios Associados são “instituições de investigação e desenvolvimento (I&D) ou consórcios de instituições de I&D que assumem compromissos institucionais explícitos para a prossecução de objetivos de política científica e tecnológica nacional”. Para tal, nota a FCT; “devem possuir uma dimensão de recursos humanos e infraestrutura científica que lhes permita de forma sustentada a promoção de carreiras científicas e técnicas para doutorados”.

É neste “cartão de visita” que cabem os 17 Laboratórios Associados que passam a integrar o ecossistema científico da U.Porto, distribuídos pelas áreas das Ciências da Vida e da Saúde (5), Ciências Exatas e da Engenharia (7) e Ciências Naturais e do Ambiente (5).

Os novos laboratórios associados

Relativamente à última avaliação da FCT, há desde logo a destacar a “renovação” do estatuto de LA atribuído ao Laboratório Associado para a Química Verde – Tecnologias e Processos Limpos (LAQV/REQUIMTE), ao Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), à Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva (InBIO) e ao LAETA – Laboratório Associado em Energia, Transportes e Aeroespacial.

A estas quatro, juntam-se agora mais seis novos LA cuja gestão ficará a cargo da U.Porto. É o caso do LaPMET – Laboratório de Física para Materiais e Tecnologias Emergentes, encabeçado pelo Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Faculdade de Ciências (FCUP).

Ainda no domínio das Ciências Exatas e da Engenharia, regista-se a integração de dois novos Laboratórios Associados na Faculdade de Engenharia (FEUP). Um deles é o ARISE – Produção Avançada e Sistemas Inteligentes e resulta de um consórcio liderado pelo Centro de Sistemas e Tecnologias (SYSTEC). O outro é o ALICE – Laboratório Associado para a Inovação em Engenharia Química, que reúne os saberes do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE), do Laboratório de Processos de Separação e Reacção – Laboratório de Catálise e Materiais (LSRE-LCM) e do Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte (CEFT) da FEUP.

Já no campo das Ciências da Vida e da Saúde, a investigação da U.Porto é agora “reforçada” com a Rede de Investigação em Saúde: do Laboratório à Saúde Comunitária (RISE), resultado de um consórcio que junta o Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e a Unidade de Investigação Cardiovascular (UnIC), ambos sediados na Faculdade de Medicina (FMUP), com outras duas unidades de investigação externas à U.Porto.

“Pretendemos criar e desenvolver um ambiente focado na investigação em equipa, onde as descobertas serão rápida e eficientemente implementadas para melhorar a saúde humana”, explica Fernando Schmitt, investigador da FMUP, que vai assumir a coordenação do RISE.

Reunir o melhor da investigação da U.Porto no domínio da Saúde Pública é, por sua vez, o objetivo do novíssimo Laboratório para a Investigação Integrativa e translacional em Saúde Populacional (ITR), que vem dar corpo ao trabalho desenvolvido pela Unidade de Investigação em Epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da U.Porto (ISPUP), em parceria com o Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) e a Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB), sediados, respetivamente, na Faculdade de Desporto (FADEUP) e no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Destaque ainda para a transformação do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) em Laboratório Associado, estatuto que “herda” do Instituto de Biologia Molecular e Celular e do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (IBMC.INEB), bem como do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da U.Porto (IPATIMUP), todos eles integrados agora no i3S. “A atribuição do estatuto de Laboratório Associado é de grande relevância para o nosso futuro, assim como é importante para promover e projetar a investigação e inovação realizada na Universidade do Porto”, destaca Claudio Sunkel, diretor do instituto, que mereceu a pontuação máxima do painel de avaliação da FCT.

O i3S garantiu, de resto, a maior fatia de financiamento – cerca de 3,9 milhões de euros ao ano – entre todas as candidaturas aprovadas pela FCT. Um facto que “nos orgulha” e que “nos permite projetar o futuro com mais segurança. Somos uma instituição ainda jovem, ainda em fase de consolidação, e a estabilidade financeira a médio prazo é essencial para continuarmos a desenvolver este projeto e atingir novos patamares de excelência”, projeta Claudio Sunkel.

A lista de Laboratórios Associados “made in U.Porto” completa-se com mais sete consórcios geridos por instituições externas, mas onde as unidades de I&D da Universidade assumem uma participação relevante. Entre eles incluem-se o CIMAR LA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental (com participação do CIIMAR-UP), o IT – Instituto de Telecomunicações, o IMS – Instituto de Ciências Moleculares (com participação do CIQUP – Centro de Investigação em Química da U.Porto), o Inov4Agro – Instituto de inovação, capacitação e sustentabilidade da produção agro-alimentar (com participação do Green U.Porto), o LASI – Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes (com participação do Centro de Matemática da U.Porto), o i4HB – Instituto para a Saúde e a Bioeconomia (com a participação da UCIBIO – Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas) e o AL4AnimalS – Laboratório Associado para Ciência Animal e Veterinária (com participação do CECA – Centro de Estudos de Ciência Animal).

“Temos uma comunidade de investigação vibrante”

No seu conjunto, os 17 Laboratórios Associados agora aprovados – e que mobilizam um total de 4458 investigadores doutorados – vão receber um financiamento complementar de 10,2 milhões de euros anuais, ao longo dos próximos cinco anos, cerca de metade do financiamento total atribuído pela FCT para esta medida.

Para Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto com os pelouros da Investigação, Inovação e Internacionalização, estes resultados devem-se à “mobilização” e ao “grande envolvimento de todo o ecossistema de investigação da Universidade”.

“O facto de termos 17 candidaturas aprovadas mostra que temos uma comunidade de investigação vibrante e com qualidade, e ilustra o papel de liderança da Universidade do Porto em termos de investigação no nosso país“, frisa o Vice-Reitor.

Sobre os benefícios que os LAs representam, Pedro Rodrigues realça as “muitas sinergias que se podem aprofundar entre diferentes unidades de investigação, seja no interior da U.Porto, ou com entidades externas”. Por outro lado, “o estatuto agora atribuído, poderá permitir o acesso a oportunidades de financiamento direcionadas para os LAs”.

Mais de 100 milhões para promover a Ciência nacional

Iniciado em 2019, o Concurso para atribuição de Estatuto de Laboratório Associado (LA) registou um total de 45 candidaturas – individuais ou em consórcio – provenientes de 118 Unidades de I&D (avaliadas pela FCT com classificação de Excelente ou Muito Bom) nacionais.

Desta avaliação, liderada por um painel nacional e com a colaboração de um conselho científico internacional., resultou a aprovação de 40 candidaturas, mais 14 do que na última avaliação.

Em conjunto, os novos Laboratórios Associados vão partilhar um financiamento complementar anual de 23,843 milhões de euros, ao longo dos próximos cinco anos, o qual acresce ao financiamento de 53.469 milhões anuais já concedido às Unidades de Investigação que integram os LA.

Relativamente à distribuição geográfica dos LA, 15 estão localizados na região Norte, sete no Centro, 16 em Lisboa, um no Alentejo e um no Algarve. Já no que toca à distribuição por grandes áreas científicas, as Ciências Exatas e da Engenharia lideram (com 18 LA), seguidas das Ciências Naturais e do Ambiente (12), das Ciências da Vida e da Saúde (6) e das Ciências Sociais e Humanidades (4).

Os resultados do concurso estão disponíveis aqui.