Em 2017, quase 8 milhões de pessoas utilizavam o car sharing como meio de transporte em todo o mundo, número esse que deve aumentar cinco vezes até 2025 . Em Portugal, porém, apenas três empresas – todas em Lisboa – disponibilizam este serviço, uma oferta muito reduzida em comparação com outros países da Europa. É neste contexto que o INESC TEC está a estudar este modelo de mobilidade urbana, com o objetivo de desenvolver novas formas que otimizem a oferta, de acordo com as capacidades da empresa, mas também a procura, seguindo as necessidades do consumidor.

O objetivo do projeto “Smart inter(urban) shared mobility systems: Siu-SMS” passa então por integrar as decisões de preço e gestão de frota num cenário realista nos serviços de partilha de carros. “Por exemplo, o nosso algoritmo pode utilizar a abordagem dinâmica na definição de preços, por forma a reduzir os custos de relocalização de um veículo, isto é, o custo operacional para mudar os veículos dos locais onde são deixados para outras zonas, por forma a equilibrar o sistema de partilha de carros”, explica Beatriz Oliveira, investigadora do INESC TEC.

Em síntese, “o algoritmo proposto pode reduzir custos operacionais e aumentar a utilização de veículos, o que aumenta significativamente o lucro das empresas, enquanto distribui os veículos pelos locais que mais interessam aos utilizadores”, acrescenta a também Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Uma solução amiga do ambiente

Os algoritmos desenvolvidos vão ter por base técnicas matemáticas e de decomposição, modelação de procura e comportamento do utilizador, bem como ferramentas de simulação de cenários para lidar com a incerteza.

“Em estudos recentes na cidade de Lisboa, a utilização de preços dinâmicos neste mercado, isto é, preços que são flexíveis de acordo com a procura ou a concorrência, mostrou que esta técnica pode aumentar o lucro diário das empresas de car sharing até seis vezes com uma frota menor. Por isso, a nossa expectativa é que o novo algoritmo que estamos a desenvolver tenha um impacto significativo, não só para as empresas e a sua viabilidade, mas também na componente ambiental da mobilidade”, assegura Masoud Golalikhani, investigador do INESC TEC e estudante de doutoramento na FEUP.

Depois de desenvolvido o algoritmo, o próximo passo do projeto será a integração destes sistemas noutros modelos de transporte, tais como o transporte intermodal de passageiros.

O projeto Siu-SMS é financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização – COMPETE 2020 e Portugal 2020 em 220mil€. Tem como parceiro a Universidade de Coimbra e termina em 2021.

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