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Entre as peças em exposição inclui-se o tubo de Lecher, que utiliza o fenómeno da fluorescência para determinação do comprimento das ondas hertzianas. (Foto: DR)

O projetor cinematográfico que terá pertencido a Emílio Biel assinala os 100 anos da morte do alemão que viveu no Porto e que foi um dos precursores da fotografia em Portugal. Uma réplica do microscópio de Leeuwenhoek revisita os primórdios da observação de bactérias (século XVII). E pelo meio há ainda tempo para apreciar os “Cuidados de amor”, do pintor José Malhoa. A partir do próximo dia 15 de dezembro, estas são apenas algumas das peças que a Universidade do Porto vai levar ao Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) no âmbito da exposição “Lux Mirabilis”, integrada nas comemorações do Ano Internacional da Luz.

Desde a luz na natureza (em minerais, seres vivos e fenómenos atmosféricos), até à luz nas crenças religiosas, mitos e superstições, passando pela evolução das fontes de luz artificial, conceções científicas e respetivas implicações tecnológicas, “Lux Mirabilis” (“Luz Maravilhosa”) reúne cerca de 170 peças que têm por foco a luz, nas suas múltiplas dimensões.

Para o Diretor do Museu de Ciência, José Luís Santos, aquela que é”a grande iniciativa da Universidade do Porto no âmbito do Ano Internacional da Luz” nasce da vontade de fazer “uma exposição que contemplasse vertentes várias da interação da Luz com a Natureza e com o Homem”. Daí o recurso a peças provenientes do Museu de Ciência, do Museu de História Natural, do Museu da Faculdade de Engenharia e do Fundo Antigo da Universidade do Porto, mas também da Associação Atractor, do Museu do ISEP, do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra e do Museu de Soares dos Reis. São 170 peças para ajudar a compreender o que é, afinal, a luz.

Vital para o dia-a-dia, a luz é transversal a uma variedade de áreas científicas. Possibilitou a comunicação planetária via Internet, revolucionou a indústria, a medicina e assumiu um papel especial em todas as tradições, culturas, religiões e filosofias. A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou este o Ano Internacional da Luz e das Tecnologias baseadas na Luz. É também em 2015 que se assinalam os 100 anos da publicação, por Albert Einstein, da Teoria da Relatividade Geral. O seu impacto na compreensão do Universo foi tremendo e o que decorre da Relatividade Geral ainda vai proporcionar o desenvolvimento de tecnologias que, de momento, não conseguimos sequer imaginar. A precisão centimétrica da localização por GPS é só um vislumbre do que será possível.

Compreendemos as formas como se manifesta, sabemos como aplicar esse conhecimento em tecnologia, mas, em essência, não sabemos o que é. Em 1955, Einstein escreveu: “Cinquenta anos de pensamento não me trouxeram mais perto de responder à pergunta: O que é a Luz? Hoje todos acham que sabem a resposta, mas, na verdade, trata-se de uma ilusão pois na realidade não sabem”. Em 2003, a revista Optics & Photonics News da Optical Society of America editou um número dedicado ao tema e relativamente à pergunta “o que é a luz?” Arthur Zajonc (Physics Department, Amherst College, USA) arriscou a resposta: “hoje estamos no mesmo estado de ignorância esclarecida em que estava Albert Einstein”.

“Lux Mirabilis” inaugur às 18h00 do dia 15 de dezembro, terça-feira. Com entrada livre, a exposição ficará patente até 17 de abril de 2016 *.

* informação atualizada a 23  de março de 2016.