A qualidade da Universidade e a sua relação com a cidade foram os principais motivos que, em 2015, levaram Rodrigo Val d’Oleiros e Silva a ingressar no Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP). E voltaram a “pesar” quando, há dois anos, ingressou no Programa Doutoral Internacional em Biotecnologia Molecular e Celular aplicada às Ciências da Saúde, “partilhado” entre o Instituto de Ciências Biomédicas (ICBAS) e a Faculdade de Farmácia (FFUP).

O estudante de 25 anos, natural do Porto, afirma que “as experiências proporcionadas, boas memórias e uma aprendizagem constante, principalmente no contexto de desenvolvimento pessoal” são algumas das mais-valias que a U. Porto lhe trouxe. Mais-valias que rapidamente quis colocar ao serviço da comunidade na forma de projetos e iniciativas inovadoras.

Ainda enquanto estudante da FMDUP, Rodrigo Silva esteve envolvido na criação da I-R3THERAPIES, uma startup voltada para o desenvolvimento de tratamentos inovadores na medicina regenerativa na área maxilo-facial. Mais recentemente, venceu a European Innovation Academy, um programa líder na educação para o empreendedorismo tecnológico que reuniu mais de 100 startups e 500 estudantes de todo o mundo. Pelo meio, foi convidado para representar a investigação e a inovação da U. Porto na EUGLOH.

O envolvimento nestes projetos levou a que Rodrigo Val d’Oleiros e Silva fosse escolhido como vencedor do Prémio Cidadania Ativa 2021 no campo do Empreendedorismo. “Um prémio é sempre uma oportunidade de expressão individual e coletiva”, refere o estudante, acrescentando que “é sempre agradável” ser apoiado pela “pela instituição a que estamos associados”.

O que te motivou a escolher a U. Porto?

Pela qualidade em si e a sua relação para com a cidade do Porto. Sendo natural do Porto, há sempre um desejo enorme de fazer parte da Universidade do Porto e do seu universo de conhecimento e oportunidades.

De que gostaste/gostas mais na Universidade?

As experiências proporcionadas, boas memórias e uma aprendizagem constante, principalmente no contexto de desenvolvimento pessoal. A inicial perceção de que a Universidade do Porto, no seu todo, iria proporcionar-me um bom suporte formativo e sociocultural, imprescindíveis para a minha evolução enquanto profissional e cidadão.

O que gostavas de ver melhorado na Universidade?

Sendo a Universidade uma instituição pública ao serviço de uma sociedade, considero que não podemos melhorar as dinâmicas sem antes refletir o impacto das nossas decisões numa atividade isolada. Do meu ponto de vista é necessário ter uma perspetiva holística e uma atitude mais colaborativa.

Na categoria governamental, gostaria que fosse implementado um sistema de isenção de propinas e de maior ajuda financeira aos estudantes, desde a graduação ao ensino pós-graduado – “no que respeita a prestígio pessoal, quando alguém se distingue em alguma coisa, não é preferido para honras públicas mais por posição de classe do que por mérito; por um lado, no que respeita a falta de riqueza pessoal, o cidadão que tem aptidão para servir a cidade nunca, por causa da sua condição humilde, é impedido de alcançar a dignidade merecida” (Péricles em História da Guerra do Peloponeso).

No contexto da universidade como entidade individual, gostaria que a transmissão tradicional de conhecimento por parte das faculdades e professores fosse realizada num contexto empírico da pergunta. Na criação de novo conhecimento suportado pela dimensão sociocultural, em vez do conhecimento adquirido às “quantidades” com enfâse apenas na avaliação final por exame e numa atitude individualista. Na minha opinião, este modelo de ensino e avaliação pouco traduzem a aptidão e a verdadeira competência intelectual do estudante. Cada indivíduo tem um talento dentro de si, a sociedade só não está ainda preparada e educada para o ver, desenvolver e aceitar, pois, o sistema apenas reflete os que lhe são idênticos.

Finalmente, sugiro um maior investimento (financiamento independente) nos institutos de investigação e nos investigadores estudantes (bolseiros) e contratados, que, muitas vezes, se vêm impossibilitados de integrarem carreiras com uma maior estabilidade, satisfação e sucesso. Simultaneamente, esse investimento deve ter em conta o carácter empreendedor do projeto e do talento das pessoas que o integram. Apostando assim numa dinâmica de impulsionar a investigação na criação de riqueza intelectual, económica e social. Estamos a viver um dos maiores exemplos em que a investigação é primordial na resolução dos mais diversos problemas da humanidade, no entanto continua a verificar-se um investimento “não público” na bolha social privilegiada como ponto-chave para o desenvolvimento.

Qual a importância do Prémio Incentivo para ti?

Acima de tudo, reconhecimento. É sempre agradável receber apoio pelo nosso trabalho e dedicação, principalmente pela instituição a que estamos associados. Um prémio é sempre uma oportunidade de expressão individual e coletiva.

Como vês o teu futuro daqui a 10 anos?

Trabalho para que seja bastante promissor e desafiante. Procuro estar sempre ocupado, com as minhas perguntas e, consequentemente, na procura das suas respostas. As duas coisas que me estimulam e me fazem trabalhar, são o sentimento artístico e estético isolado ou associado à biologia humana, e depois a tarefa intelectual em compreendê-la, ao invés de caminhar por ela, sem sensibilidade espacial.

A minha grande motivação de carreira é tornar-me um profissional de saúde competente tendo como suporte a investigação e o empreendedorismo, aproveitando o que há de mais inovador a partir de uma infinidade de perspetivas. Acredito que a vida é sempre feita de projeções, vejo-me, constantemente, a projetar o futuro, e isso influencia a minha própria mente. Considerando, assim, que a minha vida acaba por ser sempre um projeto que avança mais do que uma história do passado.

Tenho como princípio de que não há inovação sem diálogo e tolerância, sem ousadia e humildade para ouvir as ideias e projetos dos outros. Estou comprometido em contribuir para melhorar a sociedade, e aproveitar ao máximo as oportunidades que me surgirem com dedicação e responsabilidade civil.

Se tivesses de descrever a U.Porto numa palavra, qual seria?

Oportunidade