Prestes a celebrar 70 anos de existência, o Estádio Universitário do Porto entrou no início deste ano letivo numa nova fase de reabilitação. A intervenção, orçada em 2,5 milhões de euros, contempla a recuperação do edifício da bancada, a reformulação dos balneários e a construção de dois novos edifícios, incluindo a futura sede do Centro de Desporto da U.Porto (CDUP-UP).

Localizado em plena quinta do Campo Alegre, o Estádio Universitário foi inaugurado no dia 28 de abril de 1953. Uma referência para a prática desportiva de várias gerações de estudantes e atletas, o complexo acabaria por chegar aos primeiros anos do século XXI em estado de quase abandono. Situação que se reverteria a partir de 2013, ano em que a U.Porto reassumiu a gestão do espaço e iniciou um programa de recuperação dos espaços e equipamentos.

Desse esforço resultou a recuperação e reabertura ao público dos dois pavilhões existentes no complexo, em 2016, bem como o lançamento, em 2019, da primeira fase da reabilitação, centrada na instalação de um novo relvado e de outras infraestruturas de apoio essenciais.

A primeira fase de requalificação do Estádio Universitário ficou concluída em 2020 e incluiu a colocação de um novo relvado, a adaptação das redes de infraestruturas e pavimentações exteriores o a instalação de um novo parque de estacionamento. (Foto: CDUP-UP)

Esta segunda fase de reabilitação deve ficar concluída até final de 2023 e tem como base um projeto da autoria da CREA, empresa de reabilitação e arquitetura incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto e spin-off da U.Porto.

O programa de reabilitação abrange deste logo a requalificação da bancada de apoio aos campos exteriores. Aquele que é um dos espaços mais icónicos do Estádio passará a estar dotado de 538 lugares sentados, mais de metade dos quais abrangidos pela instalação de uma cobertura parcial. Prevista está também a requalificação/reformulação da área destinada à comunicação social.

Também os balneários e vestiários localizados sob a bancada serão objeto de uma reformulação geral, que prevê a demolição completa de todas as compartimentações interiores atualmente existentes. No seu lugar, nascerá um espaço equipado com: duas áreas de cacifos (com capacidade para 80 cacifos cada); seis vestiários com balneários com capacidade para 20 pessoas, dois vestiários com balneários para árbitros e/ou técnicos; um Gabinete Médico com sala de espera, entre outras infraestruturas.

Os atuais balneários serão demolidos para dar lugar a uma nova área que responda às necessidades da prática desportiva de alto nível. (Foto: CREA)

O programa em curso contempla igualmente a ampliação das instalações do estádio, através da construção de dois novos edifícios. A construir no prolongamento da bancada existente, um destes novos edifícios acolherá a sede do CDUP-UP.

Para além de gabinetes e salas de reunião e respetivas instalações sanitárias/copa de apoio, a nova “casa” do Desporto da U.Porto terá ainda um terraço para receber eventos, equipado com iluminação e bancada com alimentações elétricas e abastecimento de água.

O outro edifício a construir de raiz vai acolher os serviços técnicos de apoio às atividades do estádio. Como o público-alvo desta reabilitação é o conjunto de estudantes que desejam usufruir deste espaço para prática desportiva, este novo edifício será dotado de amplas salas multiusos e gabinetes médicos, funcionando como “sala de boas-vindas” para toda a comunidade estudantil.

O “novo” Estádio Universitário do Porto deverá ser uma realidade até final de 2023. (Foto: DR)

Uma referência da reabilitação, reconhecida além-fronteiras

Fundada em 2014, na UPTEC, a CREA tem dirigido intervenções na área do edificado, como a habitação, técnicas de restauro de monumentos, criação de parcerias e a reabilitação dos equipamentos diversificados.

Segundo André Camelo, fundador da CREA e antigo estudante da Faculdade de Arquitetura da U.Porto (FAUP), desde cedo foi clara a área de intervenção da empresa, já que pretendiam complementar os projetos com “construção nova e explorar esta relação entre o novo e o pré-existente.” Uma abordagem de reabilitação influenciada pela forma como se olha para os espaços, fator que “marca de forma decisiva todo o processo”.

É, por isso, que durante a visita aos edifícios “nós estabelecemos uma relação progressiva de intimidade e, a partir daí, através da nossa forma de olhar, encontramos os aspetos que queremos melhorar e sublimar”, destaca o arquiteto.

A CREA, estúdio fundado por André Camelo, reabilitou uma das 100 Melhores Casas do Ano 2018. (Foto: Nelson Luís/UPTEC)

O portfolio da CREA inclui o restauro de importantes edifícios como a Casa Heróis de África, o Salão Árabe no Palácio da Bolsa, a Escola de Bom Sucesso, a sede da Santa Casa da Misericórdia do Porto e a emblemática Pérgola da Foz.

Deste trabalho, resultou por sua vez o reconhecimento com inúmeras distinções, incluindo o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana (2017) e a inclusão nas  100 Melhores Casas do Ano (2018) e na Dezeen Awards Longlist (2019).