«Patchwork» é o título da exposição itinerante que vai estar patente no átrio do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) de 8 de outubro a 11 de dezembro. A mostra reflete o trabalho da arquiteta polaca Jadwiga Grabowska-Hawrylak, responsável por um trabalho genial de patchwork que deu uma nova unidade ao «tecido rasgado» da cidade de Wrocław no pós-guerra.

Organizada pelo Museu de Arquitetura de Wrocław (Breslávia), em cooperação com o Instituto Adam Mickiewicz e financiada pelo Ministério da Cultura e do Património Nacional da República da Polónia, «Patchwork» apresenta 24 obras construídas e não construídas (ou especulativas) de Grabowska-Hawrylak. Após uma apresentação em Nova Iorque, no Center for Architecture, em 2019, e em Lisboa, em 2021, a exposição chega agora ao Porto numa colaboração da Contentor e Conteúdo-Associação com a Universidade do Porto.

No átrio do i3S, está erguida uma maquete com quase seis metros de altura do enorme e escultural complexo habitacional de Wrocław, popularmente e internacionalmente conhecido como «Manhattan». Concluído em 1976, o emblemático projeto tornou-se num símbolo das aspirações daquela cidade polaca e é a obra mais famosa da arquiteta.

Os projetos de Grabowska-Hawrylak reunidos em «Patchwork» descrevem um arco temporal de 1954 a 1993. Da participação na reconstrução de Wrocław aos desenhos modernistas dos anos 1960-70 e à estética pós-moderna que adota nos seus trabalhos mais tardios, nos anos 1980-90, a obra da arquiteta reflete as sucessivas mudanças culturais e políticas da Polónia. O seu corpo de trabalho também inclui muitos exemplos de desenho excecional: escolas dos anos 1950, um edifício maisonette com apartamentos duplex na baixa da cidade ou um centro urbano futurista, entre outros.

Jadwiga Grabowska-Hawrylak foi considerada pela MoMoWo como uma das 100 arquitetas mais importantes do século XX. (Foto: DR)

Esta retrospetiva evidencia o extenso e precursor trabalho da arquiteta — pela sua genialidade e afirmação enquanto mulher numa área dominada por homens, — e, ao mesmo tempo, abre as portas à história de Wrocław, uma cidade que, outrora, foi a maior metrópole dos territórios orientais da Alemanha e que, em 1945, foi concedida à Polónia, com o fim da Segunda Guerra Mundial.

Apesar das mudanças nas tendências da arquitetura, este patchwork costurado em Wrocław permanece até hoje uma das suas facetas mais interessantes, e continua a ocupar um lugar importante no imaginário coletivo de quem habita e visita a cidade. “Cada edifício conta uma história. Ao longo de cinco décadas, o Museu de Arquitetura de Wrocław apresentou essas histórias de forma consistente, num esforço para compreender o que é preciso para fazer boa arquitetura e como a arquitetura é influenciada pela vida e vice-versa”, afirmam os curadores da exposição, Michał Duda e Małgorzata Devosges Cuber.

Com entrada livre e gratuita, «Patchwork» vai ser inaugurada no dia 8 de outubro, numa sessão que contará com a presença do curador da exposição Michal Duda, que fará uma visita guiada. Após este momento inaugural, a exposição estará aberta ao público de segunda-feira a sábado, entre as 10h00 e as 12h00 e entre as 15h00 e as 18h00, no átrio do i3S (Rua Alfredo Allen, 208, Porto).

A exposição estará patente ao público até 11 de dezembro, no átrio principal do i3S. (Foto: i3S)

Sobre Jadwiga Grabowska-Hawrylak

Conhecida como uma ícone da arquitetura do pós-guerra, Jadwiga Grabowska-Hawrylak (1920 – 2018) foi a primeira arquiteta mulher formada na Wrocław University of Technology. Com uma extensa carreira que abrange grande parte da segunda metade do século XX criou uma arquitetura que se destacou à escala europeia, apesar dos tempos difíceis do pós-guerra na Polónia socialista. Foi autora de edifícios com funcionalidades transparentes e arrojadas, tanto em termos de expressão plástica, como de estrutura.

Mulher ativa e ambiciosa, Grabowska-Hawrylak concretizou a visão de uma cidade moderna, modernista, extraordinária e aberta, através dos seus projetos. A «Manhattan» da Breslávia foi reconhecida como uma das obras europeias mais importantes do século XX. Foi considerada pela MoMoWo (Women’s Creativity Since the Modern Movement) como uma das 100 arquitetas mais importantes do século XX.