Uma equipa de investigadores liderada pelo cientista Pedro Granja, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi distinguida com o Prémio de Melhor Artigo 2024 publicado na revista científica «Polymers». O artigo descreve o estudo realizado para avaliar a degradação de um penso bioabsorvível, feito com fibras com diâmetros nanométricos, para regeneração da pele.
Intitulado «Electrospun Polycaprolactone (PCL) Degradation: An In Vitro and In Vivo Study» e publicado numa edição especial dedicada à Aplicação de Polímeros em Bioengenharia, o artigo foi distinguido com base numa avaliação global que teve em conta a originalidade e a importância dos trabalhos na área dos biomateriais, as citações e o número de downloads.
Juliana Rosa Dias, investigadora do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto (CDRSP) do Politécnico de Leiria, e primeira autora do artigo, explica que a equipa utilizou a policaprolactona (PCL), um biomaterial sintético usado em larga escala na investigação de novos dispositivos biomédicos temporários, mas numa forma diferente da original.
Como este biomaterial tem taxas de degradação lentas, os investigadores recorreram a nanofibras PCL produzidas pela técnica de eletrofiação (tradução de «electrospinning»), que se degradam ou são absorvidas mais rapidamente, e testaram a sua eficácia em meios simulados (in vitro) e num penso implantado em animais (in vivo).
Pela primeira vez, explica Pedro Granja, “foi realizado um estudo simultâneo (in vitro e in vivo), durante 90 dias, para este tipo de estruturas e com este biomaterial permitindo de forma clara perceber o potencial da sua aplicabilidade na regeneração da pele”. Ou seja, acrescenta Juliana Rosa Dias, “provámos que este penso tem uma aplicação de curta duração e que pode ser usado para tratar lesões na pele, pois é bioabsorvível pelo organismo”.
Para Juliana Rosa Dias, este prémio significa “um reconhecimento importante do trabalho de investigação realizado no i3S, já que demonstrou o potencial do uso deste biopolímero em aplicações de curta duração que poderá, no futuro, revolucionar o tratamento de feridas”.
