O pintor Francisco Laranjo, Professor Catedrático aposentado e ex-diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), faleceu na madrugada desta quarta-feira, aos 67 anos, vítima de doença prolongada.

Considerado um dos mais reputados artistas plásticos portugueses contemporâneos, Francisco Laranjo (1955-2022) desenhou um percurso que se confunde com o Porto e com a Universidade.

Diplomado em Artes Plásticas – Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto (antecessora da FBAUP), em 1978, iniciou um ano depois a sua carreira docente na ESBAP. Professor Catedrático da FBAUP desde 2014, aposentou-se em 2022, ano em que é aprovada a atribuição do título de Professor Emérito pelo Senado da U.Porto.

Em paralelo com a docência na FBAUP, foi professor convidado e conferencista em diversas universidades de renome internacional, como a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Paris, França), a Hochschule fur Bildende Kunste Dresden (Alemanha), a École Supérieure des Arts de L’image (Bruxelas, Bélgica) o Alberta College of Art and Design (Canadá) ou a Universidade de São Paulo (Brasil).

Em 2008, assumiu a direção da Faculdade de Belas Artes, cargo que desempenhou até 2014. Os seus mandatos como diretor coincidiram com um período que o próprio definiu como “de resistência pela liberdade de criação artística e de pensamento”, e que se traduziu num esforço de abertura da faculdade e do respetivo espólio artístico ao exterior.

Numa nota de pesar publicada em reação à morte de Francisco Laranjo, a FBAUP destaca o legado deixado pela antigo diretor, “liderando a nossa Faculdade com sentido de renovação e de estabelecimento de um diálogo profícuo com cidade e instituições culturais nacionais e internacionais”.

Também o Reitor da U.Porto já reagiu ao “desaparecimento precoce” daquele a que se refere como “um dos nomes maiores da Faculdade de Belas Artes da U.Porto”.

“Enquanto estudante, docente e diretor da instituição, Francisco Laranjo elevou o nome da FBAUP e, consequentemente, da Universidade do Porto, em toda a sua vida e obra, cuja qualidade e relevância artística mereceu o devido reconhecimento nacional e internacional”, enaltece António de Sousa Pereira.

Francisco Laranjo foi diretor da Faculdade de Belas Artes da U.Porto de 2008 a 2014. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

“Um professor inesquecível, um artista excecional”

Figura de relevo das Artes Plásticas em Portugal, Francisco Laranjo expôs individual e coletivamente por todo o mundo. A sua obra – que abarca diversas disciplinas e linguagens da pintura, do desenho, escultura, e ainda a cenografia e o design – encontra-se representada nas coleções do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves (Porto), Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Museu Amadeo de Souza Cardoso (Amarante), Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Brasil), Museu KNU (Coreia do Sul), entre outras coleções públicas e privadas.

Foi membro fundador da Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende, integrou a direção da Associação Comercial do Porto, e dirigiu a revista “O Tripeiro”.  Entre as inúmeras distinções que recebeu ao longo da vida destacam-se os prémios atribuídos pela Fundação Calouste Gulbenkian, Sociedade Nacional de Belas Artes, Fundação Eng.º António de Almeida ou pelo Governo Espanhol.

Foi distinguido com a Medalha Municipal de Mérito da Cidade do Porto (2009) e com o Prémio de Mérito Cultural de Lamego (2013), cidade de onde era natural. Em junho de 2015, foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem da Instrução Pública.

“Mais do que pelos prémios conquistados, pelas homenagens recebidas ou pelas obras integradas em museus e coleções internacionais, a Universidade do Porto ficará eternamente grata pela dedicação e paixão que Francisco Laranjo colocou ao serviço do ensino das Belas Artes no Porto”, recorda o Reitor da U.Porto.

O funeral de Francisco Laranjo vai ter lugar esta quinta-feira, 17 de novembro, na Igreja do Foco, no Portol. O corpo segue depois para o Cemitério de Agramonte.