Inaugura às 11h00 do dia 30 de julho esta experiência de osmose com o lugar, a história e o legado do professor, investigador e diretor dois primeiros laboratórios de química da cidade e da Universidade. No mês em que se assinala o nascimento de António Ferreira da Silva (28 de julho de 1853), o Laboratório Ferreira da Silva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) acolhe uma instalação instantânea de Agostinho Santos que entra em diálogo com o espaço e com o trabalho que aqui desenvolveu o famoso professor de química.

O mais recente espaço museológico da U.Porto foi uma descoberta que encantou Agostinho Santos “profundamente” pela “beleza e pela história”, reconhecendo o seu fascínio por “espaços emblemáticos, de raízes sólidas e que muito contribuíram para o avanço da ciência e da investigação”.

A descoberta fez nascer uma ideia que não mais o largou. “Seria interessante proporcionar um diálogo entre esta peça magnífica de Art Déco, do início do século XX e a contemporaneidade, traduzida na exposição de algumas peças recentes, em forma de desenho, pintura, escultura, objetos e livros de artista. O Laboratório Ferreira da Silva é o local certo e para promover esse encontro e reforçar essa ligação à contemporaneidade”.

Agostinho Santos. (Foto DR)

O artista ficou “deslumbrado” com a possibilidade de desenvolver uma exposição/instalação, mas não só. Durante o dia 30 de julho, das 11h00 às 18h00, vai ser possível assistir à verdadeira criação Site-specific. Agostinho Santos fará do Laboratório atelier, e será em pleno contexto de ensino e investigação da área da química que irá desenvolver novas criações.

“Vou ter a oportunidade e o privilégio de ali trabalhar, de fazer do espaço meu atelier por um dia, tentando absorver no trabalho que ali produzirei todas as raridades maravilhosas que ali se encontram. Será uma experiência enriquecedora, de análise e reflexão”, antecipa.

De Ferreira da Silva a… José Saramago

Recorde-se que Agostinho Santos tem atualmente patente nas Galerias da Casa Comum uma exposição intitulada Ver Cegueira Adentro, na qual presta homenagem à obra de José Saramago e cumpre, ao mesmo tempo, uma promessa feita ao único Prémio Nobel da Literatura português.

“Pessoas criativas, estudiosas e de grande talento como Ferreira da Silva e José Saramago são, na realidade, uma grande fonte incentivadora para as novas gerações”. De Ferreira da Silva, o artista destaca a “determinação e garra” que lhe permitiram “levar as ideias, a investigação e as consequências dessas mesmas investigações até ao fim. Gosto de pessoas desse calibre”.

Como exemplo, Agostinho Santos recorda o conturbado processo do chamado “Crime da Rua das Flores”, que levaria o antigo diretor da Faculdade de Ciências da U.Porto a ser considerado o pai da Toxicologia forense em Portugal. “Era um homem bastante avançado para o seu tempo. Daqueles que têm razão antes do tempo, tal como José Saramago.” Agostinho Santos está convicto que a instalação e a residência artística, “neste magnífico espaço repleto de história e ciência será mais um passo para o alicerce da minha consciência artística, incentivando-me a produzir cada vez mais”.

Só por um dia, o Laboratório Ferreira da Silva vai então transformar-se. Será território fértil para a criação artística efémera. O trabalho de Agostinho Santos para ver de perto apenas das 11h00 às 18h00. A entrada é gratuita e faz-se pelo Jardim da Cordoaria.