É uma proposta para aquele “dia inicial inteiro e limpo”. Na tarde de 25 de abril, as portas da Galeria da Biodiversidade do Museu da História e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) vão abrir-se para um evento único. Enquadrado na programação da U.Porto e da Rede de Centros Ciência Viva para as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, Um país que é a noite é uma produção da Nova Companhia.
Às 18h00 do dia 25 de abril, Dalila Carmo, João Sá Nogueira, Martim Pedroso, Nuno Gil sobem ao palco para uma diálogo ficcional entre a escritora e poeta Sophia de Mello Breyner Andresen e o escritor, poeta e amigo Jorge de Sena. Uma amizade que ficou registada na correspondência que mantiveram desde o final dos anos 1950, com o exílio de Jorge de Sena para o Brasil.
O diálogo ficcional posiciona-nos nas horas que antecedem a fuga para o Brasil. No ano de 1959, Jorge de Sena, procurado pela PIDE, marca um encontro secreto com a sua fiel amiga Sophia de Mello Breyner para se despedirem. É durante este encontro fugaz que dois agentes da PIDE invadem a casa de Sophia para a interrogar.
Será no decorrer deste interrogatório que se desenharão os contornos de um Portugal anacrónico. Um país polarizado entre os que amam a poesia e os que a desprezam. Entre os que pensam e os que cumprem ordens; os que querem ser livres e os que têm medo do desconhecido. Onde se poderá sentir a iminência de uma revolução democrática ou, como Sophia definiu, no poema que intitulou de 25 de abril: “Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo”.
Esta performance acontece na casa onde Sophia brincou enquanto criança e onde encontrou inspiração para tantas das suas narrativas ficcionais, ou seja, a Galeria da Biodiversidade que foi, em tempos, casa dos seus avós.
No dia em que se celebra a democracia, sublinha-se igualmente a consciência cívica e a intervenção política de Sophia de Mello Breyner Andresen. Em 1975, a escritora foi eleita deputada da Assembleia Constituinte, pelo círculo do Porto, nas listas do Partido Socialista, tendo, no entanto, decidido que seria através da escrita que encontraria a sua “melhor participação política”, como afirmou numa edição do Jornal de Letras de 1982.
A entrada é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através do e-mail [email protected]