Minutos depois de ter conquistado a histórica medalha de prata na prova de triplo salto dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Patrícia Mamona ainda tentava refazer-se do feito que acabara de alcançar. “Estou a tentar acalmar-me, está a acontecer tudo aqui dentro… Parece super surreal! As primeiras pessoas que me surgem na cabeça são o meu treinador, a minha família, este grande País…”

A ordem de agradecimentos da nova vice-campeã olímpica fala por si. Ou o seu percurso não se confundisse com o de José Sousa Uva, o treinador que, há duas décadas, “descobriu” Patrícia Mamona para o atletismo e, mais concretamente, para o mundo dos saltos. “É meu professor há já mais de metade da minha vida», dizia a atleta em 2017, numa entrevista à revista Notícia Magazine,

O resto é história. Sob o comando de José Uva, primeiro no JOMA e, desde 2010, no Sporting Clube de Portugal, Patrícia Mamona sagrou-se vice-campeã e campeã europeia de Triplo Salto em pista coberta, em 2012 e 2016, respetivamente, e foi sexta classificada nos  Jogos Olímpicos do Rio 2016. Pelo meio, foi somando títulos e recordes nacionais e internacionais.

O segredo para o sucesso? “Ela é focada e quer isto tanto quanto eu”, desvenda o treinador.

Natural de Faro, José Uva, 51 anos, é licenciado em Educação Física e Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), professor de Educação Física e treinador de Alto Rendimento há 25 anos. Atual coordenador da Academia de Atletismo do Sporting, é responsável pela orientação técnica de vários atletas do clube leonino. Para todos, a receita é a mesma: “Formar seres humanos e atletas. Levá-los a descobrir e ultrapassar os seus limites”.

“Ainda estou anestesiado!”

Já esta segunda-feira, e na ressaca de “uma final maravilhosa”, José Uva não escondia o orgulho pelo feito histórico da sua pupila, que, em Tóquio, melhorou por duas vezes o seu próprio recorde nacional, fixando-o nos 15,01 metros (mais 36 centímetros que o registo anterior).

“Nos treinos tínhamos indicações de que a Patrícia estava na sua melhor forma de sempre, mas estávamos longe de pensar que podia chegar a este nível. Foi o salto no momento certo. (…) Neste momento, é a segunda melhor atleta do mundo e isso é um orgulho para mim”, afirmou o treinador, à agência Lusa.

Lembrando que “há muito tempo que a Patrícia estava pronta para chegar aqui e fazer o seu melhor”, José Uva não deixou de viver a vitória olímpica “com grande emoção. Aliás, neste momento ainda estou um bocado anestesiado com as emoções, ainda não caí bem na realidade”, confessou o técnico, admitindo que não precisou de dar grandes indicações na final da competição: “Quando está bem, [a Patrícia ] gosta de estar no seu canto, independente, e não gosta de falar muito. Eu já sei disso, respeito, porque nas finais é para se saltar e não para falar”.

Conquistada a histórica medalha de prata, José Uva e Patrícia Mamona apontam agora a novas conquistas. “Normalmente, a seguir ao ano olímpico os treinadores gostam de fazer um ano um pouco mais calmo, mas quando os Jogos Olímpicos correm desta maneira todos pensamos em aproveitar esta forma a este nível para poder conseguir outras coisas ainda melhores do que esta…”, concluiu.

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Inicialmente agendados para 2020, mas adiados devido à pandemia de Covid-19, os Jogos Olímpicos  de Tóquio arrancaram a 21 de julho e vão prolongar-se até 8 de agosto. Portugal está representado por 92 atletas, em 17 modalidades.

Recorde-se que a delegação portuguesa em Tóquio inclui dez atuais e antigos estudantes da U.Porto, naquela que é já a maior representação da Universidade no maior evento desportivo do mundo.

calendário completo (sujeito a alterações) das provas dos estudantes e alumni da U.Porto pode ser consultado aqui.