O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) celebraram esta quinta-feira, dia 30 de julho, um acordo pioneiro que tem como objetivo fazer uma avaliação psicossocial dos profissionais da instituição e introduzir um plano que trabalhe com os resultados obtidos. O intuito, segundo Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS, é “intervir em potenciais desvios ou desconfortos e melhorar a qualidade do trabalho”.

Com este protocolo, o ICBAS será a primeira escola de ciências da saúde em Portugal a estabelecer uma estratégia que estude e trabalhe com a vertente psicossocial dos seus profissionais.

“Acreditamos que isto pode trazer um contributo muito favorável, com a introdução de medidas que visam melhorar o bem-estar psicossocial não só dos funcionários docentes e não docentes, mas que se irão repercutir naquilo que é a vivência dos nossos estudantes”, afirma o diretor do Instituto de Ciências Biomédicas.

Uma necessidade em tempos de pandemia

Isabel Lourinho, do Gabinete de Apoio ao Estudante do ICBAS e responsável pela coordenação do processo no instituto, acredita que “o contexto pandémico adicionou volume de trabalho e ansiedade aos corpos docentes e não docentes”. Assim, a psicóloga defende ser necessário investir no “planeamento estratégico de políticas e projetos que visem o desenvolvimento humano e a promoção do bem-estar de toda a comunidade académica”.

O protocolo de monitorização será anónimo e voluntário, ainda que a participação de toda a comunidade académica seja incentivada. Após a aplicação de questionários, e tendo em conta os resultados disponibilizados pela OPP, uma task-force constituída por docentes e não doentes da instituição irá propor um plano de intervenção.

A psicóloga Isabel Lourinho (à esquerda na foto) será a responsável pela coordenação do projeto no ICBAS. (Foto: DR)

Este protocolo é celebrado pouco tempo depois da OPP lançar um estudo intitulado “Custo do Stress e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho em Portugal”. De acordo com os resultados deste trabalho, “a perda de produtividade devida ao absentismo e ao presentismo causados por Stress e problemas de Saúde Psicológica, pode custar às empresas portuguesas até 3,2 mil milhões de euros por ano”, o que se traduz numa perda de produtividade até 0,9% do seu volume de negócios.

Note-se que quase 30% dos óbitos no nosso país se devem a doenças cardiovasculares, para as quais o stress é um dos grandes fatores de risco. Apesar disso, pouco mais de 10% das empresas, em Portugal e na Europa, têm procedimentos para lidar com os riscos psicossociais.

Desta forma, o plano de intervenção do ICBAS visa não só cuidar da saúde dos seus trabalhadores, como também melhorar a sua produtividade laboral.