Durante os últimos anos, dedicaram grande parte do seu tempo aos seus projetos de doutoramento. Mas quando subirem, esta sexta-feira, 13 de maio, ao palanque do Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto, terão apenas três minutos para resumir os resultados das suas investigações, sem qualquer ajuda ou suporte visual. Passa por aí o desafio colocado aos 21 finalistas da primeira edição do 3MT U.Porto, a competição académica que testa as capacidades de comunicação dos estudantes de doutoramento da U.Porto.

Foi “a curiosidade em saber se eu seria capaz de o fazer” que levou Daniela Ferreira-Santos a submeter a candidatura a esta competição inspirada no conceito implementado pela primeira vez, em 2008, na Universidade de Queensland (Austrália). “Quando vi o email de divulgação, achei muito interessante a ideia. Já tinha ouvido falar e até já tinha presenciado em algumas conferências este conceito”, revela a estudante do Doutoramento em Investigação Clínica e em Serviços de Saúde da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP).

Numa primeira fase da competição, os candidatos tiveram que produzir e submeter um vídeo com a apresentação do seu projeto. Uma vez feita a seleção dos 21 finalistas, “tivemos a oportunidade de ter um dia de formação [22 de abril] sobre comunicação e dicas para melhorar as nossas apresentações para a competição final”, explica a jovem investigadora.

Daniela Ferreira-Santos (Foto: DR)

Para a final desta sexta-feira, as expectativas de Daniela “são altas”, ou não fosse uma oportunidade única para “testar” a investigação que a também investigadora do CINTESIS e docente convidada da FMUP vem desenvolvendo “dentro da área do sono, mais concretamente na apneia obstrutiva do sono, e probabilidades para auxiliar o rastreio da doença“.

“Estou muito curiosa para ver as apresentações dos colegas, pois apenas de saber os temas não sei concretamente o que estudam no seu doutoramento. Quanto ao meu desempenho, espero apenas dar o meu melhor e conseguir que algumas pessoas na sala fiquem a compreender o que eu faço todos os dias”, antecipa.

“Desfrutar de mais uma oportunidade para aprender”

No caso de André Moura, serão precisos alguns segundos preciosos da apresentação só para dizer o nome da tese [From assessment for ranking toward assessment for learning: An action research study in preservice physical education teacher during a year-long school placement] que está a desenvolver no âmbito do Programa Doutoral em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto (FADEUP). Nada que desencoraje o estudante na véspera de “desfrutar de mais uma oportunidade para aprender, evoluir e levar a minha investigação a outras audiências”.

“Sendo alguém que gosta e valoriza a oportunidade de sair da zona de conforto, de ser desafiado, aprender sobre outros temas e com colegas de outras áreas, decidi que deveria participar. Além disso, é uma oportunidade única de apresentar a importância e o significado da investigação que venho conduzindo ao longo do meu doutoramento”, diz, sobre os motivos que o levaram a participar no 3MT.

André Moura (Foto: DR)

Sobre a experiência vivida até agora, André faz um “balanço extremamente positivo”: “Foi mais um contributo na melhoria da minha capacidade de sintetizar aquilo que é mais relevante no tema que estou a investigar e a necessidade de desconstruir e utilizar uma linguagem compreensível para um público não especializado nesta matéria em específico”.

Como “maior dificuldade” (ainda que uma experiência extremamente rica e que repetiria sem questionar)”, o estudante elege a apresentação que os participantes tiveram de fazer, num estúdio televisão, “sobre um artigo que tivemos de preparar em hora e meia e que, claramente, não dominávamos”. Um momento “compensado” pela “oportunidade de conhecer outros doutorandos e que, sem nos conhecermos e tendo à partida, apenas como ponto comum, o doutoramento, acabamos por ter bons momentos juntos”.

“Uma hipótese muito engraçada de falar sobre o meu trabalho à comunidade”

Para Tiago Gonçalves, o desafio de apresentar o seu trabalho científico a grandes plateias não é propriamente uma novidade. Ainda assim, é com “nervos miúdos” que o estudante do Programa Doutoral em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia (FEUP) perspetiva a final desta sexta-feira.

“Por um lado, há a dimensão competitiva e, por outro, a pressão pessoal para fazer uma apresentação que seja do agrado da audiência (e do júri) e cujo conteúdo seja entendido por toda a gente. Se conseguir dar resposta a estas duas dimensões, creio que as minhas expectativas já estarão correspondidas”, diz.

A desenvolver um projeto focado no estudo de “algoritmos para aplicações médicas que sejam humanamente compreensíveis para as pessoas que os irão utilizar”, o também investigador do INESC TEC decidiu participar no concurso “através da motivação de uma colega de investigação. Tendo eu um gosto especial pela comunicação e vendo no 3MT uma hipótese muito engraçada de conhecer pessoas novas e de falar sobre o meu trabalho à comunidade, decidi abraçar o desafio”.

Em boa hora o fez. “Até agora, o balanço tem sido bastante positivo. Apesar de comprimir um plano de tese de doutoramento (planeado para quatro anos) em três minutos ser francamente difícil, creio que a oportunidade de conhecer pessoas de outras Unidades Orgânicas da Universidade do Porto e o acesso a uma formação preliminar e gratuita sobre comunicação de ciência, já fazem com que a entrada nesta aventura tenha valido a pena”, conclui Tiago Gonçalves, que integrou a equipa que venceu recentemente o  ITU Machine Learning in 5G Challenge, uma competição internacional de inteligência artificial (IA).

Tiago Gonçalves (Foto: DR)

Final aberta ao público

A competição final da primeira edição do 3MT U.Porto tem início às 16h00 desta sexta-feira, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto.

Neste evento, que será aberto a toda a comunidade, os finalistas terão então de explicar a sua tese de doutoramento em três minutos (sem recorrer a qualquer suporte visual) a um júri composto por Andréia Azevedo Soares (jornalista), Filipe Santos Silva (investigador do i3S), Manuel João Costa (Pró-reitor da Universidade do Minho), Maria João Fonseca (Diretora Executiva do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto) e pelo empresário Paulo Azevedo (Chairman da Sonae)

vencedor vai receber um prémio monetário de 1200 euros. Será ainda atribuída uma menção honrosa no valor de 800 euros.

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