A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, defendeu as vantagens da internacionalização da carreira médica, dando o seu próprio exemplo aos estudantes que estiveram presentes na 2.ª Reunião Aberta do Conselho Pedagógico da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que decorreu no passado dia 3 de maio.
“A internacionalização pode ser temporária, mas é importante terem um plano e alguns objetivos a cumprir. E nunca achem que o regresso vai minimizar o que fizeram fora”, afirmou a diretora-geral da saúde e alumna da FMUP.
Esta foi a segunda vez que o Conselho Pedagógico presidido por Roberto Roncon de Albuquerque abriu a suas portas à comunidade, incluindo estudantes de Medicina e do Ensino Secundário. Este ano, o tema foi “Oportunidades de Internacionalização da Carreira Médica”.
Para o presidente deste órgão de gestão da FMUP, “a internacionalização não deve ser vista como uma ameaça, mas como uma oportunidade. É o novo normal. Não é possível olhar para a formação médica pré-graduada e pós-graduada sem trazer este tema para a discussão”.
Roberto Roncon de Albuquerque sublinhou que mais de metade dos estudantes da Universidade do Porto ponderam sair do país no final do seu curso superior, de acordo com um inquérito recente da Federação Académica do Porto (FAP).
“Não existe uma fórmula correta”
A diretora-geral da Saúde partilha da mesma opinião. Rita Sá Machado apostou na internacionalização da sua carreira, na Organização Mundial de Saúde (OMS), quando estava a fazer o segundo ano do internato da especialidade em Saúde Pública.
“Dediquei muitas horas, noites, fins de semana para trabalhar nesta área. Tentei sempre conciliar a minha vida profissional como interna com a internacionalização”, recordou, provando que nem sempre é preciso sair do país para fazer esse caminho.
Rita Sá Machado deixou alguns conselhos aos estudantes, nomeadamente para que atentem aos modelos de governação e às dinâmicas das instituições e organizações em que possam trabalhar, quer fora, quer dentro do país. Deixou apenas o alerta: são “experiências muito ricas, mas não isentas de alguns dissabores e problemas”.
Quanto ao “timing” ideal, entende que “não existe uma fórmula correta de quando se deve ir e quando devo voltar. Eu voltei há seis meses, quando estava confortável, do ponto de vista profissional e familiar, em Genebra. Mesmo que pareça muito cómodo estar num determinado sítio, pode sempre haver uma oportunidade que vos traga de volta e vos retenha. O que não significa que parem a vossa internacionalização”.
“Não considero que tenha dado um passo atrás por ter voltado ao meu país e por estar onde estou. A minha nomeação tem prazo de validade e ainda bem. Temos de pensar onde somos necessários”, prosseguiu.
Resiliência pode ser a palavra-chave, neste processo. “A resiliência é importante. Não é fácil ir para fora. Os nossos amigos estão cá. É preciso ser resiliente para ir e para voltar. Devem também manter a ligação à vossa escola médica e à área em que estiverem para terem esta retaguarda, se quiserem regressar”, aconselhou.
Nesta 2.ª Reunião Aberta do Conselho Pedagógico da FMUP estiveram presentes o subdiretor da FMUP, Francisco Cruz, o diretor do MIMED, José Gerardo Oliveira, diretores de Departamentos, representantes da AEFMUP e da ANEM, representantes dos Conselhos Pedagógicos das escolas médicas portuguesas, bem como estudantes e professores do Ensino Secundário.