O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974 com uma cerimónia de partilha de memórias de docentes, estudantes e não docentes dos primeiros tempos da Escola que, das mais diversas formas, reviveram o “tempo novo” que permitiu então a criação do ICBAS.
Fundada em 1975, ainda no calor da revolução, a instituição que “não teria existido se não existisse o 25 de abril”, conforme afirmou o coordenador do evento e professor jubilado, Alexandre Quintanilha, foi relembrada pela irreverência com que “reuniu pessoas ímpares no panorama nacional, das mais variadas áreas científicas, que souberam olhar além-fronteiras e traçar um projeto ambicioso e singular na Academia”, como a descreveu o diretor Henrique Cyrne Carvalho.
“Foi o 25 de Abril de 74 que permitiu projetar um Instituto que era, em si, um grito de liberdade e que libertava o ensino de amarras tradicionais e canónicas, conferindo-lhe um carácter transdisciplinar”, acrescentou o responsável.
Muitas foram as recordações desse “tempo novo” no país, na Universidade e no ICBAS relembradas numa tarde também feita de emoções. “Se não fosse o 25 de abril e o ICBAS, a minha vida não teria sido a mesma”, afirmou Conceição Rangel, docente da Escola desde os primeiros anos.
Também Fátima Gärtner, docente aposentada do ICBAS afirmou ter encontrado na instituição “um ambiente fértil para cultivar os [seus] sonhos” na área da medicina veterinária.
Mário Barbosa, professor emérito, falou do “orgulho de ter apostado numa instituição que permitiu integrar a liberdade científica como parte da [sua] vida” e Raquel Duarte, atual diretora do Instituto Ricardo Jorge e docente da instituição, confessou que o “ICBAS [lhe] permitiu ser tudo o que sempre quis ser”.
A cerimónia contou ainda com as intervenções de Nuno Grande, filho de Nuno Grande, fundador da Escola, dos antigos docentes Luís Baldaia, António Leuschner e Teresa Magalhães Cardoso, e dos atuais docentes Eduardo Rocha, José Barros e Mário Santos, os dois primeiros também alumni.
A sessão, moderada por Maria Strecht Almeida, coordenadora do gabinete de comunicação do ICBAS, e Mariana Almeida, presidente da Associação de Estudantes, culminou com a intervenção do vice-reitor, e também alumno e docente do ICBAS, Pedro Rodrigues, que considerou “crucial continuar a defender os valores de Abril, de que o ICBAS é um dos maiores herdeiros”.