Prontos para uma sessão muito especial do Cinema na Casa? Desenhada em colaboração com a Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), a próxima sessão do ciclo promovido pela Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto propõe nada mais, nada menos do que 10 horas de cinema! Partindo da “Arte do Corpo” como tema agregador, a projeção tem início marcado para as 21h00 do dia 21 de fevereiro, no Salão Nobre do ICBAS, terminando apenas às 7h00 do dia 22 de fevereiro.

Embora apresentem linguagem diferentes, do ponto de vista formal e cinematográfico, há um tópico que os seis filmes selecionados têm em comum: o corpo. Vamos, então, ao cardápio?

A sessão arrancará com uma obra-prima de um realizador americano com trabalhos que oscilam entre a comédia e o horror: Jordan Peele. Falamos de Get Out, um filme de suspense, de 2017, que nos coloca perante questões de identidade e racismo. Segue-se um clássico: The Elephant Man, de David Lynch. O filme tem por base os livros The Elephant Man and Other Reminiscences, de Frederick Treves, e The Elephant Man: A Study in Human Dignity, do antropólogo Ashley Montagu. Civilização vs tolerância e diferença vs ameaça são alguns dos temas que este drama da década de 1980 levanta.

De seguida, Vivre Sa Vie, de Jean-Luc Godard, vai levar o público até França, fazendo o tempo recuar até aos anos 1960. Rui Manuel Vieira, responsável pelo Ciclo Cinema na Casa, chama a atenção para “uma das visões mais íntimas, viscerais e de algum modo, belas, da vida em função do corpo, por via da necessidade e do exílio social”.

Avançamos uma década, mas continuaremos em francês. La Planete Sauvage, de René Laloux, é um filme de animação e de ficção científica. Vai transportar-nos para um mundo onde a humanidade é reduzida a um ser menor, subjugada por criaturas colossais mais avançadas. Nesta animação, o corpo surge como símbolo de poder. Foi classificado pela Revista Rolling Stone, em 2016, como o 36.º maior filme de animação de todos os tempos.

Ainda na senda do cinema de animação, a proposta que se segue assume um registo mais contemplativo. Que nos vai fazer pensar na realidade para a qual acordamos. Todos os dias. It´s Such a Beautiful Day, do americano Don Hertzfeldt, coloca-nos perante a doença e a inevitabilidade da nossa finitude. É a “lenta descida em espiral para a inviabilidade, acompanhada da dor intrínseca e extrínseca, experimentada pelo corpo que não se preserva”. Entre a beleza e a dor, esta animação é uma ode à vida. Como acontece nos passes de magia, viajaremos dos EUA até à Coreia do Sul. Sendo que, é também sobre a passagem do tempo, o filme que se segue.

A terminar, vamos assistir à sucessão das quatro estações do ano a bordo de uma “plataforma” muito especial. Imagine-se num mosteiro budista que flutua, num lago rodeado por floresta. Que experiência é esta? É “uma jornada em busca da redundância”, diz-nos o programador do ciclo. Assim se torna possível “o equilíbrio intemporal sobre vidas que cessam e se repetem, cumprindo os mesmos papéis à medida que o corpo passa pelas mesmas estações”. É esta a proposta de Spring, Summer, Fall, Winter…and Spring, de Kim Ki-duk.

Esta sessão do Cinema na Casa surge integrada na semana cultural do ICBAS e tem entrada livre.

Cinema na Casa

Aprofundar, mapear, dar um real Sentido de lugar à comunidade académica é o principal objetivo desta parceria entre a Casa Comum e as várias associações de estudantes da U.Porto

O ciclo Cinema na Casa pretende, até final do ano letivo, passar por várias faculdades da Universidade Porto. Este diálogo entre os espaços da universidade e a própria comunidade académica através da cultura insere-se no projeto Sentido de Lugar que tem vindo a desenvolver programas para incentivar os estudantes a explorarem diferentes práticas artísticas (oficinas de fotografia e de escrita), desafiando-os, também, a conhecerem melhor o espaço onde, todos os dias, apendem, estudam e convivem.

Uma vez por mês e até ao final do ano letivo, as sessões do Cinema na Casa irão percorrer diferentes faculdades da U.Porto. A entrada é gratuita até ao limite da lotação do espaço.